Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.
Clique aqui para exibir os comentários
Os dados aqui preenchidos serão exibidos. Todos os campos são obrigatórios
Mensagem: Tragédia urbana Waldyr Senna Batista Em reunião com empresários do comércio lojista, o prefeito Luiz Tadeu Leite garantiu que não permitirá que vendedores ambulantes de frutas transformem o centro da cidade em bagunça, com seus carrinhos de mão ocupando ruas e calçadas. Reconheceu que o problema é complexo e divide opiniões, porque envolve pessoas humildes que lançam mão desse expediente como meio de sobrevivência. E a Prefeitura se vê diante do dilema: se não atua e não apreende as mercadorias, é acusada de omissa; quando age com rigor, há sempre quem se posicione a favor dos infratores. Ele pediu o apoio dos empresários do comércio e condenou a exploração política que é feita pelos seus adversários, que não nomeou. O prefeito fala com conhecimento de causa, por ter atuado em ambos os lados do balcão: como radialista e político de oposição, que se ocupava do tema e dele tirava proveito; e, agora, mais uma vez como autoridade, a quem compete exercer o poder de polícia. Os ambulantes cobram dele suposta promessa de campanha, quando lhes teria sido prometida ampla liberdade de ação. Ele exprime a disposição de não permitir que aconteça no centro da cidade situação que ali está arraigada há décadas. Aquela área, de passeios minúsculos e pistas de rolamento estreitas tomadas por carros, motos, bicicletas e até carroças, a que se misturam carrinhos de mão abarrotados de frutas de época, de há muito não tem mais espaços para pedestres.Eles são as grandes vítimas dessa autêntica tragédia urbana. Nesse emaranhado que aí está, os vendedores de frutas têm de ser coibidos, sim, porque atrapalham muito e ajudam a emporcalhar a cidade. Mas eles são apenas a parte mais visível e mais vulnerável de um problema cuja origem está nos agentes que os abastecem. Estes, mais do que os ambulantes, são os verdadeiros vilões e, no entanto, jamais foram molestados, sequer identificados. Parece óbvio que, na medida em que forem submetidos a dispositivos legais rigorosos, muito provavelmente será atenuado o problema. Esses personagens têm de sair das sombras, mostrar a cara, inscrever-se no CNPJ, requerer alvará de funcionamento, obter alvará sanitário (essencial em se tratando de frutas). Enfim, têm de se submeter às exigências que o poder público cobra de todos os que se dedicam às atividades empresariais. Os que se escondem por trás dos ambulantes não podem ser exceção, ainda que os produtos que comercializam estejam isentos de tributos. Não há dúvida de que o comércio ambulante de frutas no centro da cidade é alimentado por uma (ou mais de uma) central. Basta observar a virtual padronização dos carrinhos de mão e da carga deles. O que se contém em um é idêntico ao que está nos demais. E eles são centenas. A fonte, portanto, é a mesma. Com o pormenor de que, geralmente, as frutas oferecidas à venda são originárias de outras regiões do Estado. Ou alguém já terá visto no Norte de Minas áreas plantadas para produção de morangos ( aliás, atraentes e apetitosos...)? E já que se está falando em ocupação indevida dos espaços públicos, seria o caso de a Prefeitura examinar também a exposição, nas vias públicas, de veículos novos e usados, para venda. Como nas avenidas Floriano Neiva, no Alto São João, e na Sanitária, no centro, em todos os dias da semana, transformadas em vitrines, prejudicando pessoas que não têm onde estacionar seus carros. A Prefeitura terá concedido licença especial para esse comércio em plena via pública? (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)
Trocar letrasDigite as letras que aparecem na imagem acima