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Mensagem: CACHORRO BONITO Pulucena era uma espécie de madrinha das lavadeiras, no pequeno povoado de Santo Antônio, próximo ao Pentáurea Clube. Todas as terças e quintas-feiras reuniam-se bem cedo na praça da igrejinha e pelos caminhos que conduziam até o Poço Bonito e à medida que elas passavam, companheiras do ofício iam engrossando a fila indiana. Era um festival de trouxas de todos os tipos e tamanhos enroladas em lençóis de todos os matizes e usos. Tinha trouxa de rico e de pobre, destes últimos com peças remendadas, originalmente compradas nas cercanias dos mercados, e em dias de feira e festa de santo. Algumas foram mesmo presentes dos patrões. No poço, um ambiente exótico, cheio de pedras e flores silvestres de múltiplas colorações e tipos, uma pinguela feita de um tronco de árvore, completavam o cenário. A confraternização entre elas, já havia rendido um repertório de músicas rurais de rara beleza, muitas das quais, vararam fronteiras e eram cantadas nos estados vizinhos. Esta harmonia estava prestes a ser quebrada. No dia do fato, Pulucena como as demais lavadeiras, já se aproximavam do poço. Tinquin um pequeno cachorro mestiço que sempre as acompanhava, ia á frente. Era o guardião das comadres lavadeiras, diziam. De repente, Antera parou estupefata e chamando a atenção das demais, apontou para a pinguela dizendo: comadres olhem aquele cachorro bonito no tronco tão preto e tão bonito, como o poço. Tinquin o pequeno guardião, já tremia, dando gemidos de cortar coração enrolado às pernas da Marialva. Logo repararam que ele havia se mijado todo. Pulucena replicou: vejam este cachorro na pinguela tem os dentes muito grandes! E completou: olhe que pêlo brilhante. Antera, já entendendo tudo, gritou: Isto é uma onça preta gente! É uma suçuarana, eu já vi uma foto na revista. Foi um tremendo corre-corre e as trouxas ficaram para trás! Posteriormente, se deduziu que a espécie não sendo natural na região estava de passagem e parara para beber das águas cristalinas do poço. Este incidente marcou para sempre a rotina daquelas campesinas. Perderam os clientes locais a disponibilidade da lavagem e a mística aura do pego, jamais foi a mesma, sem as canções que encantavam as participantes e tornavam vibrante aquele sítio. As amigas nunca mais ali lavaram quaisquer outras roupas. Afinal, seguro morreu de velho...
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