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Mensagem: MONTESCLAREADAS IV Como até as pedras se encontram, estive no Quarteirão do Povo para dois dedos de prosa com a dupla dos setentões antagônicos de Moc City. Um, o lobo urbano Ronaldo Toffani, cobra mais do que criada na escola da vida. O outro, um exemplo de cidadania, o pecuarista e cinéfolo Gegê Gomes. Ronaldo, o mestre da ironia, cuca leve, “dolce far niente” , pé de pano estilo canastrão de Roliude. Emérito dom Juan de alcovas tropicais, herdeiro natural e adepto da Lei de Gerson. Sempre vestido elegantemente. Como todo bom filho de Figueira, católico de dia, macumbeiro à noite. Quando interage com algum interlocutor deixa transparecer na expressão, uma môfa! Carrega no pescoço um patuá feito em Nazaré das Farinhas na Bahia e no bolso das calças bem talhadas uma reza de São Cipriano, fechando o corpo contra bala de namorado, noivo ou marido ciumento. O outro, criador de gado da mais alta supimpitude, filho de família tradicional, mui digno executivo da Fazenda Larga onde a fartura é tanta que colonião dá mais alto que telhado de casa e caititus anda em bando e são abatidos de porrete. Mantém sempre na face um sorriso dócil e conciliador, que é a sua marca registrada. Embora tenha nascido em berço de ouro se comporta e se veste com parcimônia. Polido, discreto, cortez, profundamente religioso. Um exemplo de cidadão. Chega a ser um simplista. Tete a tete comigo, esses dois ilustres montes-clarenses, tão diferentes em personalidade o que reforça o dito da canção portenha: “cada qual com o seu cada qual” Ou, cada alma com a sua missão. Se algum dia, as companhias cinematográficas Metro Goldwin Mayer ou mesmo, como bem diria o saudoso Lezinho Lafetá, a “Vinte Tê Agâ Centuri Fé Ô Xis”, viessem a Moc City fazer uma longa metragem sobre a nossa verve campesina teriam dificuldades estruturais para compor o elenco, tal o farturão de artistas... Acontece que aqui só tem estrela, galã de primeira e para fazer papel de bandidos e demais coadjuvante teria que vir gente das cidades vizinhas. Exceção do Brejo das Almas que, como em nossa urbe, só tem cabeceira. E para concluir a crônica ao bom estilo Withimiano, uma história da mais pura poesia interiorana. Conta o nosso Gegê Gomes, que no início dos bons anos 50, quando ele ainda era um galalau, dona Yolanda, sua vizinha na rua Doutor Veloso lhe narrou à história do menino “Pelau”. Acontece que o infante tinha um passarinho de estimação que veio a morrer de morte morrida. A cena final do filme tupiniquim é o garoto com o pássaro em ”de cujus” na mão e no maior chororó. Outro menino, seu vizinho empático, para consolá-lo teria dito: “Chora não “Pelau” que ele foi para o céu!”. O apelido “Pelau” dado pelo pai do curumim fora copiado de um personagem extraído das páginas de Camões. E como diria o saudoso montes-clarense Deca Rocha: - Nós aqui da roça, somos curraleiros, mas somos chiques!
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