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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 30 de outubro de 2024
 

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Mensagem: O CAFÉ GALO QUE VEIO DE LONGE José Prates Quando leio alguma coisa referindo-se ao Café Galo em Montes Claros, respeitadas as proporções eu o comparo à confeitaria Colombo, na Rua Gonçalves Dias, centro do Rio de Janeiro, símbolo do que representou a belle époque na cidade. A confeitaria inaugurada em 1894 por dois portugueses e que foi o local de reuniões de intelectuais e políticos, não desapareceu. Continua em atividade, sem, contudo, exercer aquela influencia no meio intelectual e político como dantes. O Café Galo, hoje famoso naquela cidade mineira, por ser, também, um local de reuniões de intelectuais, jornalistas e gente famosa da cidade, está sempre no noticiário da imprensa local. Poucos, porém, conheceram a sua origem numa cidadezinha do sertão baiano, chamada Urandi que tomou impulso e começou a crescer quando o DNER chegou por lá com seu pessoal, por volta de 1942. Nessa ocasião já existia o Café Galo. No inicio de minha adolescência, em 1941, cheguei em Urandi para residir na companhia de meu Padrinho Mulatinho e seus filhos, meus primos. Foi, então, que conheci esse Café que era freqüentado por todo mundo, velhos e jovens atraidos pelas suas novidades. Imaginem que numa cidade onde só havia quitandas e botequins com negócio de bebidas e cereais, “seu” Augusto Alves, de bom tino comercial, resolveu instalar um bar, cópia dos que ele conhecia na cidade grande, Montes Claros, onde sempre estava a negócio. Foi dessas idas e vindas que nasceu em “seu” Augusto a idéia do Café Galo que se materializou no “largo” do mercado, esquina com a rua de cima. Mesmo com placa no alto da porta, com a figura do galo pintada por Gumercindo Guedes, pouca gente chamava o estabelecimento pelo nome de batismo: geralmente diziam “o bar de “seu” Augusto”. Pra aquela cidade, era coisa moderna: tinha rádio, coisa que pouca gente possuía. Passava a funcionar a partir das 18 horas quando chegava a luz elétrica. Ai, então, era a atração de todo mundo para ouvir a “hora do fazendeiro” transmitida pela Rádio Inconfidência; o recém criado Repórter Esso, na voz de Heron Domingues com as noticias da guerra. Ás 8 horas, vinha o programa oficial a Hora do Brasil, com noticiário do governo em transmissão obrigatória, igual o horário eleitoral de hoje. Tinha mais: geladeira a querosene de onde saia o picolé que regalava a meninada e a cerveja gelada que só ali existia; No salão ao lado, estavam o Snooker (sinuca) e o bilhar onde a rapaziada disputava partidas, apostando cerveja. Foi ali que eu e meu primo Artur aprendemos esse jogo, escondido do velho. Cenas interessantes, ás vezes, aconteciam ali. Eu me lembro de uma comovente ocorrida em 1941, quando o Brasil declarou guerra à Alemanha. O salão de sinuca estava cheio, todos ouvindo a Hora do Brasil, quando em edição extra entra o Repórter Esso e anuncia: “O Brasil mobilizado declara guerra ao Eixo. Estamos em guerra!” Todos os presentes ficaram de pé e entoaram o Hino Nacional. Eu gritei “Viva o Brasil” e todo mundo respondeu, brindando com cerveja gelada Até 1945 vivi em Urandi, em companhia do meu Padrinho Mulatinho e meus primos. Admitido na Central do Brasil, fui para Montes Claros onde passei a residir. Voltei a Urandi em 1948, quando revi o Café no Galo, ainda no mesmo lugar que eu o conheci. Em 1955 ou 1956 quando eu trabalhava na Real Aerovias, junto com o Sr, Natércio França, na Rua Simeão Ribeiro em Montes Claros, vi a placa do Café Galo que se instalava na esquina com a Rua Governador Valadares. Fui até lá e verifiquei que era o mesmo de Urandi. Lá estavam “seu” Augusto e seus filhos inaugurando o Bar. Obviamente, no seu inicio não teve o movimento a que estava acostumado na sua cidade de origem. Começou devagar, como qualquer outro bar da localidade. O tempo passou, fui removido para o Rio de Janeiro e hoje vejo o Café Galo no noticiário dos jornais como centro de reunião de intelectuais daquela terra. Bonito, muito bonito! É a volta ao passado. Quando eu for a Moc, irei até lá em companhia de Felipe Gabrich e Márcia que me vão pagar o café. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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