Planalto divulga que governo negou a extradição de Cesare; nota repudia "impertinente referência pessoal" a Lula e Itália chama seu embaixador
Sexta 31/12/10 - 11h30 O Palácio do Planalto anunciou agora há pouco, por meio de nota, que o presidente Lula decidiu negar a extradição do terrorista italiano Cesare Battisti (foto), preso no Brasil há 4 anos. A nota diz que Lula seguiu parecer da Advocacia Geral da União, segundo quem a decisão segue todas as cláusulas do tratado de extradição firmado entre Brasil e Itália. "Conforme se depreende do próprio tratado, esse tipo de juízo não constitui afronta de um Estado ao outro", diz o documento, assinado pela assessoria de imprensa do Planalto. O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que o Brasil não teme retaliações por parte do governo italiano. "O governo brasileiro manifesta sua profunda estranheza com os termos da nota do presidente do Conselho dos Ministros da Itália, em particular com a impertinente referência pessoal ao presidente da República", diz a nota. A libertação de Battisti dependerá, agora, do Supremo Tribunal Federal.
Foi divulgado agora na Itália que o governo chamou seu embaixador no Brasil, o que sinaliza tensão diplomática entre os dois países. Partido italiano anunciou que quer pedir o rompimento de relações diplomáticas entre os dois países.
BERLUSCONI
O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, deu enfática declaração, segundo o jornal "Corriere della Sera": "Expresso profunda tristeza e pesar pela decisão tomada pelo presidente Lula de negar a extradição do assassino Cesare Battisti, apesar dos repetidos apelos e pressões em todos os níveis do lado italiano. Trata-se de uma opção contrária ao mais elementar sentido de justiça. Expresso às famílias das vítimas toda a minha solidariedade, minha proximidade e o empenho em continuar a batalha, para que Battisti venha a ser entregue à justiça italiana. Consideremos a questão longe de estar encerrada: a Itália não vai desistir e fará valer os seus direitos em todos os lugares".