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Mensagem: Em compasso de esperaWaldyr Senna BatistaO anúncio fatiado do secretariado da nova administração municipal evidenciou a dificuldade enfrentada pelo prefeito Luiz Tadeu Leite em compor sua equipe. O que era de se esperar, em razão da heterogeinidade dos grupos que se juntaram para sua eleição.Tendo prometido convocar as “melhores cabeças”, o prefeito conseguiu montar o grupo possível e, mesmo assim, ainda incompleto. Nele figuram algumas pessoas tidas como acima da média, outras apenas medianas e, em minoria, algumas que escapam a essa qualificação. Enfim, uma equipe como outra qualquer, considerando-se que os melhores da comunidade nem sempre estão disponíveis ou se negam a participar do jogo bruto em que se engalfinham os que apenas buscam posições. A parte da equipe já conhecida trouxe de volta notórias figuras, cujo mérito maior é a incondicional fidelidade ao prefeito, o que também é natural. A novidade é a presença de antigos adversários, gente que, na campanha de meados da década de 90, quando o atual prefeito se elegeu pela segunda vez, se uniram para derrotá-lo. Eram dissidentes contrariados por terem sido preteridos e que agora retornam, alguns integrando o secretariado, outros fazendo-se nele representar por seguidores ou parentes. Decorridos dez dias desde a posse, já se registraram duas defecções, o que amplia as posições a serem preenchidas, ao que consta à espera de negociações em curso. Algumas delas reservadas ao diretório do PT, que ainda debate internamente suas divisões. O partido está dividido em três correntes. Normalmente, não seria o caso de se manter esse compasso de espera com grupo de discutível importância eleitoral, que conseguiu eleger apenas um vereador, numa câmara em que o novo prefeito dispõe de folgada maioria. Mas o PT é o partido do presidente da República, com quem o prefeito pretende firmar parcerias sem as quais não conseguirá realizar nada do que prometeu. Embora ele argumente que seu partido, o PMDB, ocupa cinco ou seis ministérios, seria bom que, no leque de siglas, figurasse a do PT, qualquer que seja o ônus disso decorrente. No entanto, essa não chega a ser a maior preocupação da nova administração. Se as conversações com o PT não forem bem sucedidas, será fácil ao prefeito lançar mão de nomes alternativos para os cargos vagos. A grande fonte de preocupação reside é na questão dos mais de quatro mil contratos não renovados de servidores, a maioria trabalhando na prefeitura há muitos anos. O judiciário, acionado pelo Ministério público, vem exigindo a regularização dessa situação mediante a realização de concurso. Não há mais como protelar a providência, sob pena de graves penalidades, entre elas a perda do mandato do prefeito. Nesse grupo de demitidos há gente nomeada irregularmente por todos os prefeitos dos últimos vinte anos, inclusive o atual, em mandato anterior. A anomalia gerou o empreguismo na prefeitura, cujo quadro de pessoal supera em muito os oito mil funcionários. Contingente que elege e derrota prefeitos e serve de massa de manobra para atendimento de compromissos de campanha. A demissão em massa, agora anunciada mediante a não renovação dos contratos, não chega a constituir medida saneadora. Trata-se de expediente corriqueiro adotado por todos os prefeitos que entram, uns mais outros menos, de forma a abrir vagas para admissão de cabos eleitorais. Via de regra, o facão é utilizado para cortar adversários e possibilitar a admissão de correligionários, procedimento que poderá ser limitado agora, tendo em vista a vigilância do Ministério público. O que está acontecendo nos primeiros dias da administração, nada mais é do que o dever de casa, comum a todas elas em qualquer município brasileiro. Aqui, com o adicional de reconstrução do pavimento das ruas, destruído pelas chuvas e que será corrigido da mesmíssima forma: com remendos de qualidade sofrível. (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).
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