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Mensagem: UMA HOMENAGEM PARA SINVAL AMORIM Todo povo tem os seus anjos e demônios. A saga de uma urbe é construída no ombro de seus criadores que, com coragem, iniciativa e desprendimento ensejam o seu progresso fazendo funcionar o circo da vida. A história de Montes Claros, no tocante ao seu desenvolvimento comercial, escolas, comércio, rede hospitalar, urbanização muito deve à presença sempre constante dos forasteiros, que aqui aportam visando construir as suas vidas e das suas famílias. Ao longo dos anos 30 até os anos 60 do último século, estabeleceu-se um enorme fluxo de migrantes em busca de trabalho, estudo para seus filhos e netos, tratamento médico para suas famílias, compra de produtos industrializados e diversão noturna, este o motor principal do nosso desenvolvimento. Referido boom durou até o início dos anos 80. Havia o Bar Bandeira II, as casas de jogo e as boates de Edna, Anália, Leobina e Walmira, garantindo os prazeres da carne. Uma urbe da luxúria. O grande empresário incentivador e inovador desse mercado foi, sem dúvida, o nosso saudoso conterrâneo Sinval Amorim. No princípio, nos anos 40, com o seu cabaré na rua Presidente Vargas, no centro, que funcionava onde hoje se encontra o prédio da família Jabbur. Diz o cronista Rubem Braga, que por aqui andou e prevaricou que, o cabaré de Sinval fervilhava como um “night club da Broadway”. Encorajado pelo sucesso, daí Sinval partiu para empreendimento maior, administrando e promovendo o Cassino Minas Gerais com seus shows. Naquela época, para aqui vieram apostadores, aficionados do jogo de cartas e dos encantos da noite de todo o Brasil, patrocinados pelas vedetes do teatro rebolado oriundas dos grandes cassinos das metrópoles, dançarinas, algumas procedentes da Espanha e estrelas diversos matizes. Com a presença da Segunda Grande Guerra no cenário mundial, o Pentágono investiu na construção de uma estrada de ferro que ligasse a garganta estreita e estratégica do Norte de Minas à Bahia. Temiam que as tropas do eixo (Alemanha, Itália e Japão), conquistada a Europa, viessem a atacar as Américas, tendo que, obrigatoriamente, passar por essa garganta. Assim, chegaram a Montes Claros quinze mil operários e técnicos para a execução da obra e, na sua esteira, atraídas pelo grande movimento e muito dinheiro rolando, a presença de três mil prostitutas do país e do exterior, cadastradas pela delegacia de polícia local, além das dezenas de outras “avulsas”. Nossa cidade, que contava com vinte mil habitantes, devido a esse inchaço teve sua população praticamente dobrada. Em conseqüência disso, houve um extraordinário incremento da jogatina, da rede hoteleira, bares e restaurantes e lupanares. Sinval Amorim, atento aos novos tempos, adquiriu e passou a explorar uma pedreira visando fornecer matéria prima para o inusitado boom imobiliário, surgido. Logo após, construiu o edifício Pedro Montes Claros, que batizou com o nome de seu pai, hoje um remanescente da “art decó”, para abrigar no seu andar térreo a primeira agência do Banco do Brasil. Com a presença da instituição financeira, então considerada o maior banco rural do mundo, aconteceu à oferta de financiamento, mola mestra do enorme desenvolvimento da nossa lavoura e da criação de gado de corte. Sinval é, portanto, um autêntico Mídas, pois em tudo que pôs a mão virou ouro, trazendo progresso para nossa querida urbe. Portanto, como montes-clarenses, todos nós devemos a esse saudoso empresário-inovador uma justa homenagem à sua coragem e visão do futuro.O mérito desta crônica pertence ao notável agrimensor Paulo Moreno, que teve a feliz idéia desta lembrança, incentivando-nos a escrevê-la.
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