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Mensagem: Minas e GeraisHAROLDO LIVIOMinas Gerais não admite separação das duas palavras que compõem o nome da “formosa província”. O nome da Capitania do Ouro é inteiriço; se olhados isoladamente perdem a significação, tanto o substantivo Minas como o adjetivo Gerais. Quem chamou nossa atenção para a particularidade foi o cronista Itamaury Telles, que sabe das coisas e não deixa escapar nada à sua observação muito perspicaz. Ele vai mais longe, ainda, colocando-se em guarda contra essa novidade de querer distinguir-se as minas dos gerais, quando não existe a propalada diferença. Sabe-se que Minas Gerais são as minas geralmente encontradas, as minas em geral, as minas buscadas por todos os rincões da terra mineira. Quem faz esta discriminação quer mesmo é distinguir a parte considerada rica do estado montanhês da parte que é tida como o primo pobre. Tem aquela anedota de que o ribeirão do Arrudas, em Belo Horizonte, seria o limite natural que deveria separar as duas partes. Tudo que se situasse na margem direita do córrego seria Minas, e na margem esquerda Gerais. Assim, Minas seria a região das minas e Gerais a região dos campos gerais, da labuta agrícola e pastoril. À primeira vista, parece até que faz sentido, mas não faz. É apenas um jogo de palavras bem articulado, que dá a impressão de embasamento lógico. Nossa região, ou melhor, nossa parte das Minas Gerais também é mineradora, também é rica em depósitos minerais. De improviso, sem necessitar de consultar os alfarrábios, apontamos a presença, nos municípios de Rio Pardo de Minas, Porteirinha e Grão-Mogol, da maior jazida de ferro contínua do mundo, aguardando para breve sua exploração industrial. Dentro de poucos meses, entrará em operação a mina de ouro de Riacho dos Machados, com produção diária de duas toneladas do precioso metal, segundo notícia do Hoje em Dia. Em Paracatu, funciona a todo vapor outra mina de ouro maior ainda. A Serra Geral, que corta a região, é rica em minérios preciosos e estratégicos. Teófilo Otoni é pólo internacional no mercado de pedras preciosas e semipreciosas, conhecida em todo o mundo. Em tempos remotos, teria funcionado uma casa de fundição em São Romão, conforme tradição oral. Era o ouro, hoje é o gás natural, em volume superior ao da Bolívia, que acalenta o sonho do barranqueiro, de dias melhores que estão chegando. Temos, em nosso subsolo, tesouros de valor incalculável. Falta só cavar e tirar a riqueza guardada debaixo do chão. Foi o que aconteceu com as águas-marinhas de Pedra Azul e os diamantes de Diamantina, Grão-Mogol e Jequitaí. Você pode até não acreditar, mas já houve uma corrida do ouro em Montes Claros, em dias de antanho. Não é preciso enumerar outras ocorrências minerais, para provar que também somos Minas, Minas Gerais. Na verdade, o alvo deste comentário é a campanha cívica do Movimento Catrumano, que pleiteia a criação do Dia dos Gerais, em virtude de ter sido erguido na atual cidade norte-mineira de Matias Cardoso o primeiro templo católico em terras mineiras. Sentimos a presença da humildade, que é apanágio de nossa gente, na pretensão desproporcional à importância que deve ser atribuída ao fato histórico. Ora, se for finalmente comprovado e reconhecido que Minas Gerais começou na igreja jesuítica à beira do Rio São Francisco, nada mais justo e correto do que transferir para Matias Cardoso a comemoração oficial do Dia de Minas Gerais, com todos os efes e erres. Atualmente, a efeméride é comemorada todo 26 de julho com a transferência simbólica do governo estadual para a arquiepiscopal Mariana, primeira vila, primeira cidade, primeiro bispado e primeira capital de Minas Gerais, musa inspiradora dos versos divinos de Alphonsus de Guimaraens. Dia dos Gerais parece representar prêmio de consolação para nós, humildes catrumanos que somos.
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