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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 18 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Reformando as reformas

Waldyr Senna Batista

Transcorridos exatos 45 dias da posse, a transição na prefeitura ainda não se completou. A demora na formação do secretariado parece ser decorrente de dificuldades ligadas ao cipoal montado pelo prefeito Luiz Tadeu Leite para a eleição. No grupo, há desde amigos fraternos até inimigos figadais, de outras campanhas, exigindo habilidade para contornar os choques de interesses.
O prefeito tem utilizado listas quádruplas que solicita aos grupos que o apoiaram, mas até isso tem apresentado dificuldades, inclusive por inapetência de indicados que deviam saber desde sempre que, na administração pública, as coisas diferem muito do que se pratica na iniciativa privada. A justificativa para o atraso na montagem da equipe vinha sendo a demora na aprovação, pela Câmara municipal, do projeto de reforma administrativa. Essa lei, nos últimos tempos, é uma espécie de obrigação a ser cumprida pelos prefeitos que entram e que imaginam, com ela, moldar o organograma da prefeitura à sua imagem e semelhança. E, assim, realizam mudanças que, de tão repetitivas, acabam se limitando a trocas de denominações das secretarias para as mesmas atividades. De tanto mexer, remexer e remendar, fica cada vez mais do mesmo jeito. Sábios eram os prefeitos de antigamente, que nomeavam secretários para as funções de sempre e, no decorrer dos trabalhos, faziam os ajustes necessários. Outros eram os tempos, sem as amarrações que o pluripartidarismo impõe. Outra característica dos prefeitos que assumem, para deixar claro quem manda no pedaço a partir dali, é a adoção de medida de impacto. A deste ano foi a não renovação dos contratos de mais de 4 mil servidores não concursados, uma canetada que deve ter incomodado 20 mil pessoas, considerando a soma dos grupos familiares. Essa decisão-padrão geralmente se inspira na necessidade de abrir espaços para a acomodação de apaniguados. Entretanto, pode não ser o caso presente, pois o Ministério público vem pressionando, exigindo a realização de concurso público. Mas medida que impressiona bem é a operação tapa-buracos, cuja execução pode ser imediata, sem entraves de projetos e até sem licitações, desde que a ela se dê o carater emergencial. As chuvas podem comprometer sua efetivação, mas o atual prefeito certamente não iria lançar mão desse argumento para justificar os atrasos na operação em curso, pois, quando oposição, ele não aceitou o fator chuva como justificativa então utilizada pela administração anterior. A atual tem feito melhor: em alguns pontos da cidade ela tem procedido à pintura a cal de meios-fios, às vezes antecipando-se aos remendos da pista, o que acentua o contraste. É o chamado mel-de-coruja, normalmente usado para impressionar visitantes ilustres ou em ocasiões festivas, que, no caso, talvez seja o carnaval que se aproxima. Mas a grande sacada da nova administração, até agora, foi atribuir prioridade à implantação do centro de convenções. Esse projeto vem sendo conduzido, há anos, por entidade privada, que para isso doou ao município área de 300 mil metros quadrados no distrito industrial. O ministério do Turismo liberou verba de 2 milhões de reais para o início da obra, estando previstos mais seis ou oito milhões. A parte mais difícil do projeto foi atendida, lembrando-se que o centro de convenções é empreendimento cuja realização demandará cerca de dez anos. Mas a nova administração desaprovou sua localização no DI, tendo examinado outras partes da cidade, constando que a preferência é por área próxima ao aeroporto e ao bairro Interlagos, que seria permutada pela outra. A escolha foi aplaudida até por integrantes da entidade que conduzia o empreendimento, a não ser pelo fato de, com a troca, ter de começar tudo do zero, inclusive com novos projetos, sem a certeza de que os recursos do ministério do Turismo poderão ser aplicados no novo terreno.

(Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).

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