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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 18 de novembro de 2024
 

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Mensagem: (Do livro ´Por Cima dos Telhados, Por Baixo dos Arvoredos´ - Parte 77)

O INGRESSO DE VÁRZEA DA PALMA NA
ERA DA INDUSTRIALIZAÇÃO

No início do ano de 1968, o empresário Luiz de Paula foi procurado, em Montes Claros, por dois amigos seus, empresários em Belo Horizonte. O médico Eloy Heraldo de Lima e o engenheiro Murilo Boechat, diretores de uma fábrica de cerâmica artística, a MAIÓLICA
Eles queriam ouvi-lo sobre os incentivos da Sudene e desejavam também seu conselho para a escolha de um bom local para implantação de uma fábrica de azulejos na região.
A razão para procurarem o dr. Luiz de Paula estava ligada ao trabalho de divulgação que ele havia feito dos incentivos da Sudene e das potencialidades da região norte-mineira, quando visitou 42 cidades como Governador de Rotary International.
Era uma sexta-feira. Eles conversaram longamente. O empresário Luiz de Paula forneceu-lhes relato completo sobre a legislação incentivadora da Sudene e explicou, em detalhes, como a Sudene operava no apoio aos projetos aprovados para a região.
Passando ao segundo tópico de interesse dos visitantes, ele indicou a cidade de Várzea da Palma como um bom local, a seu ver, para implantação do projeto no qual estavam interessados. E justificou sua indicação enumerando alguns pontos positivos que lá iriam encontrar.
• Energia elétrica de Três Marias
• Água do Rio das Velhas
• Matéria prima: argila e caulim
• Localidade servida por ferrovia e rodovia
• Mão-de-obra abundante (seria o primeiro projeto a ser implantado na localidade)
• Doação do terreno pela Prefeitura
• Equipamentos sociais: hospital, escola etc.
• Isenção de tributos municipais por 10 anos
• Proximidade de Belo Horizonte. Comparada com Montes Claros, por exemplo, a diferença na distância, para menos, era de 100 quilômetros.
O dr. Eloy Heraldo de Lima e o dr. Murilo Boechat ficaram entusiasmados com as informações recebidas. Vibraram. Mas disseram que não conheciam Várzea da Palma. E perguntaram se ele poderia acompanhá-los em uma visita ao local. O dr. Luiz de Paula colocou-se à disposição deles, para acompanhá-los, e marcou a visita para a terça feira da semana seguinte.
Na véspera, segunda-feira, ele marcou o encontro com o prefeito Marcino Telles de Castro. A idéia de levar uma fábrica para o lugar foi surpresa para o prefeito. Mas, na terça-feira recebeu bem o dr. Luiz de Paula e seus amigos.
Difícil foi convencer o prefeito a doar o terreno. E era natural que assim acontecesse. Mas quando o dr. Luiz de Paula o informou de que outros municípios estavam doando terrenos, empenhados em aproveitar a legislação incentivadora da Sudene, e que aquele primeiro e importante projeto iria chamar a atenção de investidores para Várzea da Palma, e colocar o município na rota do desenvolvimento, o prefeito compreendeu. E concordou.
O projeto foi aprovado pela Sudene em 23 de abril de 1969 e começou a operar em 1973, integrando-se, mais tarde, ao Grupo ELIANE. A fábrica é atualmente uma das mais modernas do país.
Durante a implantação do projeto, o diretor Murilo Boechat, conhecendo melhor as potencialidades locais, mandou elaborar o projeto da AÇOPALMA – Indústria de Aço de Várzea da Palma S/A, o qual foi aprovado pela Sudene em 27 de março de 1974.
A fábrica de azulejos teve mudanças em sua diretoria. Um dos novos diretores, o economista Roberto Brant, elaborou o projeto de uma fábrica de ferro silício, FeSi 75, denominado ITALMAGNÉSIO NORDESTE S/A adquirido e implantado, mais tarde, pelo industrial Giuseppe Trincanato, de São Paulo.
O engenheiro Ricardo Antônio Vicintin, do Grupo ELETROMETALUR, de São Paulo, tomando conhecimento do novo pólo industrial, visitou a cidade e decidiu sediar ali seu projeto de produção de ferro-ligas, sob a denominação de ELETROMETALUR – INDÚSTRIA E COMÉRCIO S/A, aprovado pela Sudene em 18 de junho de 1976. Hoje é uma das maiores empresas do setor, em Minas Gerais, sob a nova denominação de RIMA INDÚSTRIAL S/A.
O empresário Leonardo Augusto Ferreira, de Belo Horizonte, conheceu a cidade, a convite de empresários locais, e implantou a SIDERÚRGICA MINAÇO S/A, com projeto aprovado pela Sudene em 17 de junho de 1974.
A partir da implantação daquele primeiro e importante projeto industrial a PALMASA, hoje ELIANE, Várzea da Palma ficou conhecida como nova e atrativa opção para novos empreendimentos e ingressou no ciclo de desenvolvimento industrial criado pela Sudene.
A Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral, através do INFORME SUDENOR, de abril de 1982, informa que as cinco unidades fabris acima mencionadas criaram para comunidade varzeopalmense 1.815 novos empregos diretos.
A chegada das indústrias trouxe o desenvolvimento econômico e social, como o dr. Luiz de Paula havia assegurado ao prefeito Marcino Telles de Castro, nos idos de 1968. A cidade cresceu, o comércio expandiu-se, os imóveis valorizaram-se. A população, que era de 13.358 pessoas, em 1970, de acordo com o Anuário Estatístico do Estado de Minas Gerais, é de 31.632, conforme divulgado pelo censo do ano 2000.
Hoje Várzea da Palma é o 3º maior pólo industrial da Área Mineira da Sudene.
A indicação de Várzea da Palma aos criadores da PALMASA, para ali implantarem o seu projeto e a sugestão ao Prefeito, para doação do terreno, foram decisivos para o desenvolvimento econômico e social de Várzea da Palma.
A doação do terreno foi um bom incentivo para os empreendedores da fábrica de azulejos. Mas foi, principalmente, um excelente negócio para a Prefeitura e para Várzea da Palma. Quem bem fizer as contas, irá verificar que nestes vinte e tantos anos de operação, as fábricas instaladas já retornaram à Prefeitura, na forma de tributos e em benefícios de ordem social, muitas vezes mais do que o incentivo a elas concedido.
Aquela fase de rápida expansão industrial no Norte de Minas passou. Não existe mais. Acabou a participação acionária da Sudene, de três vezes o valor da participação do empreendedor. Secou a fonte que alimentava generosamente os projetos industriais.
Se naquela histórica terça feira, no início do ano de 1968, o prefeito não aprovasse as iniciativas do dr. Luiz de Paula, Várzea da Palma teria perdido o bonde da história.
Várzea da Palma é hoje uma cidade moderna e progressista, com todos os equipamentos sociais de uma cidade de seu porte.

(continuará, nos próximos dias, até a publicação de todo o livro, que acaba de ser lançado em edição artesanal de apenas 10 volumes. As partes já publicadas podem ser lidas na seção Colunistas - Luiz de Paula)

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