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Mensagem: Mês, Março, Mulher, Marias Qual o peso que as mulheres podem suportar? Que pecados a mulher tem que expiar num mundo tão hostil? Por que não existe uma Delegacia do Homem? Quantos ofícios de trevas terão que viver para encontrar a justiça da igualdade?- Não consegui responder. Fui atrás de Cora Coralina, Adélia Prado, Lia Lufti, isabel Allende, Léa Maria Aarão Reis e Cecília Meireles.Fui atrás dos caminhos, das veredas, dos atalhos que essas mulheres maravilhosas descortinaram para nós. Cora Coralina definiu que ser mulher é fazer a escalada da montanha da vida, removendo pedras, plantando flores e fazendo doces.Adélia Prado me ensinou a simplicidade quando escreveu: minha mãe cozinhava exatamente arroz, feijão-roxinho, molho de batatinhas. Mas cantava. Ensinou-me também a ser desdobrável, a fazer peixes que os maridos pescam, a morar numa casa que está sempre amanhecendo, a curtir poemas e procissões.Isabel Allende ensinou-me sentir a maturidade como uma viagem para dentro e o começo de uma nova forma de liberdade: poder usar sapatos confortáveis, não ficar escravas de dietas radicais e nem agradar a meio mundo. Com Lia Lufti aprendi: amor aos amigos, amor à casa, amor ao trabalho, a alguns projetos, amor à vida simplesmente e amor a si mesma. Aprendi também que vivemos esmagadas por preconceitos. Um deles é que a vida acaba quando se tem uma grande dor, ou deveria acabar quando chega a vez das rugas e da flacidez.Léa Aarão Reis no seu livro “Maturidade” foi um facho de luz nos mostrando que temos a história nas costas, para não dizer no ventre. Através da menopausa, a natureza diz que a mulher deve, nesse momento, ir ao encontro dela mesma.Cecília Meireles escreveu, referindo-se à mulher: “Como deixar-se cortar toda e voltar sempre inteira’ no seu poema “Primavera”. Espero que esta colcha de retalhos dessas mulheres iluminadas, nos façam enxergar o mundo de maneira diferente e encontrar forças para continuar lutando, tentando enfrentar os preconceitos. Costurei essa colcha de retalhos com fios de esperança, coragem, fios de cores variadas. Transformamo-nos do sexo frágil, em guerreiras que trabalham para serem independentes, que conquistam a maioria dos lugares nas faculdades, mas sempre tentando construir um mundo melhor. Mesmo com todos esses desafios somos capazes de conciliar jornadas de trabalho, sem querer ser a mulher maravilha. Procuramos levar uma vida menos estressante. Contemplar em clima mais ameno o luar que desponta dentro de nós e o arco-iris que transforma uma alma cinzenta, numa alma que se permite colorir a vida. Temos que aprender a conviver com a revolução dos hormônios, sermos profissionais, cuidar com carinho de nossa casa, ser arrimo de família, enfrentar a luta dobrada de uma mãe solteira, aceitar com o coração a gravidez de uma filha adolescente e tantos mais desafios que a vida nos oferece. Mesmo assim, saber por as pernas para o alto, porque ninguém é de ferro – E sonhar, sonhar sempre. Para enriquecer nosso Oito (8) de Março, o lindo poema “O Mundo de Maria” de autoria de Therezinha Mello Urbano de Carvalho, mineira de Araçuaí.O Mundo de Maria Maria / Maria, que tristeza é esta / liberte-se da triste poeira da vida. / envolva-se em poeira de estrelas, / escute a canção do vento, Maria, / Não deixe a vida passar... / Maria, Maria, ”quem tudo quer, tudo perde’ / Corte faíscas dos raios, os laços do egoísmo /Teça a vida com fios de amor. / Maria, Maria, “quem não arrisca, não petisca”. / Coragem, enfrente a vida! / enfeite os cabelos com as fitas dos relâmpagos, / dance ao som dos trovões, / beba as gotas de vinho da chuva. / Faça de sua vida uma festa, / assim será feliz. / Abra a janela da alma, / enfeite-se com gerânios, / E sentirá como a vida é bela. / E quem é Maria? Maria sou eu, / Maria é você, / é aquela do outro lado do mundo... / de olhos puxados, negra, branca, amarela. / Às vezes sofridas, às vezes felizes, / são todas Marias... / Forte como um galho, / flexível como um bambu, / cheirosa como uma rosa / esperta como uma gazela. / Maria, mulher do 3º milênio! / Dócil, meiga, astuta, / profissional atuante, mãe presente. / Maria feminina / Maria mulher. / Absolutamente Maria!Carmen Netto VictóriaMarço/2009
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