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Mensagem: Para não falar “abobrinha”Waldyr Senna BatistaVale repetir aqui a máxima do velho guru da política brasileira, o deputado Ulysses Guimarães. Referindo-se à degradação da qualidade dos eleitos para a Câmara dos Deputados, ele sentenciou: “A próxima Câmara é sempre pior do que a atual”.E aí está a Câmara Municipal de Montes Claros há exatos 73 dias da posse: “renovada” em mais de 60%, tem demonstrado desempenho sofrível, com quase nenhuma perspectiva de melhora. A “depuração” executada pelo eleitorado, que defenestrou nada menos de sete integrantes da legislatura passada(outros dois saíram por outros motivos), colheu em sua maioria os vereadores mais qualificados, concorde-se ou não com a forma de atuação e o posicionamento político deles. Sem esquecer que, no grupo dos derrotados estão alguns dos envolvidos na operação pombo correio, que supostamente terá influenciado o julgamento do eleitor.Da atual Câmara, pode-se dizer que ela faz lembrar grêmios escolares, onde adolescentes balbuciam textos mal alinhavados no esforço de aprender a falar em público. Com a diferença de que boa parte dos garotos conseguirá alcançar o objetivo, enquanto a quase totalidade dos novos vereadores já ultrapassou a faixa etária do encantamento que leva ao aprendizado. Se bem que, na alta cúpula da República, há exemplo eloquente de que, com persistência, é possível obter resultados toleráveis.Aqui, no momento, sucedem-se situações hilárias, em que os microfones e as câmaras de tevê são utilizados para recados a clientes, pelo fato de o exercício do mandato estar prejudicando a atividade profissional do vereador, de tal forma que eles agora só poderão ser atendidos aos sábados. Ou o envio de emocionadas declarações de amor às esposas que constituem a principal força que impulsiona a caminhada na busca do êxito na nova etapa de vida. E homenagens pelo aniversário natalício de eleitores. O amor é lindo, como costumam dizer os cronistas sociais.Na Câmara dos Deputados, aonde chegou com votação expressiva, o cantor Aguinaldo Timóteo, ao seu jeito amolecado, ocupou a tribuna, que em outras épocas foi de Afonso Arinos e Carlos Lacerda, entre outros, para mandar seu recado no discurso de estreia: “Alô, mamãe, olha eu aqui”...Não é o caso dos vereadores, que se mostram humildemente empenhados em prestar o melhor serviço. Mas alguém precisa dizer a eles que, falar da tribuna, constitui apenas uma das muitas formas de exercer o mandato popular. Houve vereadores que jamais discursaram e, no entanto, eram tidos como eficientes. No legislativo há espaço para apresentação de projetos e requerimentos e para atuação nas comissões ditas técnicas, onde teoricamente é possível influir para a solução de problemas do município e para o aprimoramento dos projetos em tramitação. Sem se falar no contato direto com o eleitor que vai aos gabinetes apresentar reivindicações, que os vereadores podem encaminhar aos órgãos competentes da Prefeitura.Vereador não tem a obrigação de ocupar a tribuna, principalmente quando nada tem a dizer, neste caso correndo o risco de falar “abobrinhas” e assim cair no ridículo. Deve ser o que está imaginando o presidente da Câmara, Atos Mameluque, que, segundo os jornais, estaria estudando a contratação de especialista para ministrar curso de oratória aos representantes do povo.Pelo ineditismo da providência, vê-se que a situação é emergencial. O problema, porém, não é só de forma, mas de conteúdo, também. Curso de oratória ensina postura, gesticulação, entonação e outras técnicas para quem deseja se comunicar. Mas esses cursos se prestam precisamente a quem tem o que comunicar, para o que são exigidos outros itens, especialmente escolaridade, leitura, conhecimentos gerais, aptidão e, como é o caso do presidente Lula da Silva – a quem faltam muitos desses requisitos – poder de comunicação, que nada mais é do que aquilo que se chama de falar a linguagem do povo, sem dúvida o segredo do sucesso do presidente, que constitui um fenômeno nesse particular. (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).
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