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Mensagem: A ATALIBA MACHADOJosé Prates É extraordinário, podemos dizer assim, o poder que tem o Montesclarosnoticias, de nos conduzir ao passado através das recordações que nos trazem as crônicas, artigos e mesmo noticias que ai são publicadas. Ruth Tupinambás, Rachel Chaves com seus passeios, Wanderlino e mais gente que não conheço, são mestras em arrancarem do poço da memória, fatos e pessoas que nos alegraram no passado, quando vivíamos na gostosa e saudosa Montes Claros dos anos cinqüenta. Agora, para acrescentar, aparece-nos Ivonne Silveira falando de Ataliba Machado e sua revista Montes Claros Em Foco. Ataliba eu conheci quando a criação dessa revista ainda era um ideal que alimentava o sonho. Ele obstinadamente lutava para que o sonho tornasse realidade na concretização do ideal. Esse ideal como nos dizia, era uma revista com circulação em todo o Estado, tipo “O Cruzeiro”, revista semanal dos Diários Associados, com crônicas de Raquel de Queiroz e reportagens de David Nasser com fotos de Jean Mazon, que era lida e discutida como sucesso em todo o país. O sonho era grande, mas, nenhum idealista sonha pequeno. Maria sua esposa, a quem Yvonne dedicou sua crônica, conheci rapidamente, no dia em que fui à sua casa conhecer o projeto da revista. Não me lembro de tê-la visto em outras ocasiões, mas, posso avaliar a sua luta depois da morte de Ataliba, para criar e educar os filhos. A formatura deles em medicina, jornalismo e belas artes, são os louros da vitoria que compõem a coroa que hoje, lhe orna a cabeça. No inicio da década de cinqüenta, embora Montes Claros fosse a cidade líder do norte de Minas, referencia em quase tudo, não tinha uma imprensa à altura de sua importância no cenário estadual. Existia a Gazeta do Norte, semanário mantido há longos anos por Jair de Oliveira, composta artesanalmente, que se dedicava a publicar artigos escritos por pessoas conhecidas, geralmente sobre temas de interesse da cidade. Só em setembro de cinqüenta e um, sob os auspícios do Capitão Eneas Mineiro de Souza, então Prefeito Municipal e iniciativa de Jose Monteiro Fonseca, nascia o Jornal de Montes Claros, com oficina moderna para a época: uma linotipo e uma rotoplana, com profissionais vindos do Rio de Janeiro, entre eles o ainda jovem Andrezzo, falecido há pouco em Montes Claros. Recém vindo de Belo Horizonte onde atuei na imprensa, conheci o JMC no seu segundo mês de existência e a ele procurei incorporar-me. Meu primeiro trabalho foi uma reportagem sobre os terreiros de candomblé que escondidos, existiam na cidade. Foi manchete com grande repercução, principalmente na polícia que proibia a pratica desse culto, não sei por que. Com essa reportagem, procurei mostrar como o jornal deveria ser feito, fugindo ao estilo Gazeta. Foi ai que conheci Ataliba que tinha sobre o jornalismo local, a mesma opinião que eu: um jornal de verdade, capaz de formar a opinião pública. Nessa ocasião, ele já tinha em mente a revista e falava com entusiasmo sobre seu projeto. Passamos, então, a influenciar na formação do jornal, mostrando a Zezinho Fonseca a necessidade de reportagens e noticiário dos acontecimentos locais. Enquanto Ataliba escrevia artigos, mais pensando na sua revista que no jornal, eu ia para a rua buscar matéria. Visitava a Delegacia de Policia todos os dias; acompanhava as reuniões da Câmara de Vereadores e cobria os acontecimentos esportivos com ajuda do Dr. Mário Ribeiro. Assim fomos modificando o jornal que passou a ser conhecido mesmo fora de Moc., citado por jornais de Belo Horizonte na transcrição de noticias nele publicadas. No inicio de cinqüenta e tres, não sei bem a data precisa, era impressa na gráfica da Gazeta, a primeira revista Montes Claros em Foco, para felicidade de Ataliba. Desde esse tempo, embora sofrendo toda sorte de dificuldades, ele foi mantendo a sua revista “aos trancos e barrancos” e cada edição era motivo de jubilo. Manter um jornal na Montes Claros daquela época era uma missão quase impossível, imaginem uma revista. Pois Ataliba não se deixava vencer pelas dificuldades e mantinha firme e quase regular a circulação da revista. Em 1958 fui removido para o Rio de Janeiro, afastando-me do jornalismo devido à falta de tempo. Quando regressei a Montes Claros, dois anos depois, para visitar a família e amigos, estive com Ataliba que, ainda, mantinha a revista. Anos depois tomei conhecimento de sua morte, parece-me que em 1967 e com ele findou, também, a revista. Agora, na crônica de Ivonne aparece-me Ataliba, fazendo-me voltar ao passado de lutas e vitorias. Eu espero que o filho jornalista siga as pegadas do pai. É só isso que eu desejo, para felicidade de Ataliba onde quer que ele esteja. (José Prates é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros de 1945 a 1958 quando foi removido para o Rio de Janeiro onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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