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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: DUAS DE MAÇARICO, UMA DE CATOPÊ

No bar Esquema Quente, em uma noite de calor a galera tomava uma geladinha e jogava conversa fora. Conforme hábito, falavam mal do nosso país grande e tolo e dos seus habitantes tupiniquins. No rol dos recordes negativos citados, o analfabetismo era o tema “cabeceira”, como diria o saudoso Daço Cabeludo.
Maçarico Santiago, nobre representante dos trabalhadores e promotor de tômbolas e rifas em folha de papel almaço e já quase no fim da prosa em uma rodinha entrou na conversa e deu a sua: Prá vocês verem! Nos Estados Unidos qualquer pobre e analfabeto fala inglês! Aí a roda se desfez e cada qual foi cuidar do seu cada qual!
Doutra feita, ele encontrava-se de férias no Rio de Janeiro. Foi convidado pelo seu anfitrião o empresário Paulo Cesar para um elegante coquetel em um atelier de arte onde transcorria uma mostra de pintura abstrata.
O “gran monde” das artes guanabarinas estava presente ao evento e a mediada que o marchand apresentava as telas expostas, Maçarico dava a sua opinião pessoal sobre cada uma. A certa altura Paulo Cesar o cutucou e falou entre dentes: Manéra o pé Marçal! Aqui só tem cobra criada em arte! Você está dando mancada!
Marçal retrucou na bucha: eu só estou dizendo é que tem que ter tom sobre tom!
Já Carlúcio Athayde era contumaz freqüentador do Bar Sibéria que ficava na confluência das ruas Doutor Veloso com Rua Presidente Vargas ao lado do Clube Montes Claros. Curtia o dia tomando uma geladinha, ´beiçando´ uma boa cachaça Santa Rosa com tira-gosto de parede com picumã...
No encanto molengo do bar e vez por outras dava um longo cochilo escorado na parede! Como quem mora no beco só aspira ao beco o mundo passava devagar e os habitués chegavam quando Deus era servido!
Acordava, pedia outra gelada, ia ao banheiro esvaziar a bexiga e voltava à mesa, a cerveja e a pescar piaba novamente. Como era prata da casa repetia essa rotina a mais de uma década. Certa tarde quente do mês de agosto deu uma “pescada de piaba grande” ocasião em que um bando de catopés entrou no bar e se assentaram nas mesas à sua frente sem que ele percebesse.
Tomavam umas doses de Cinzano e de cachaça com Carlúcio ainda dormindo as suas costas. Como na porta do WC do bar não havia a tradicional porta de madeira e sim uma cortina de fitas plásticas multicoloridas, Vicente acordou e estando ainda tonto e com a bexiga ardendo se dirigiu instintivamente ao banheiro.
Deparando-se com aquelas pendentes fitas multicoloridas dos chapéus dos catopés e supondo já ter atingido o WC afastou algumas fitas e verteu mijo na mesa dos foliões à sua frente.
Vazou catopé com os tamborins molhados para todos os lados e a meninada que comprava picolé de água com groselha ao verem aquele berro d’água tupiniquim em atividade gramaram o beco!

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