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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: ESTARÁ O DOLAR COM DIAS CONTADOS?
José Prates
A reunião do G 20, realizada em Londres, no dia 2 deste, serviu antes de tudo, para mostrar ao mundo que já existe uma afinação benéfica no pensamento e nos interesses dos países mais ricos do mundo. Pelo que vimos, esse grupo tomou as rédeas do controle econômico mundial, oferecendo soluções adequadas e de interesse de todos, coordenando no encontro, uma agenda mínima e consensual, como foi o caso do reforço financeiro para o FMI que teve a aceitação unanime, sem contestação. Essa medida é necessária porque países pobres afetados pela crise vão necessitar com urgência de socorro. Nessa reunião, nos é mostrado uma mudança no controle da economia mundial que era privilegio do G7, grupo fechado que se intitulava dono do mundo, passou para o G20 que representa setenta e cinco por cento da economia mundial, havendo entre os membros uma identidade de interesses que possibilita consenso nas medidas propostas. Nesse clima de bom entendimento entre os membros, o conjunto de medidas apresentado pela cúpula, alcançou o objetivo de conciliar divergências e proceder com tranqüilidade o encaminhamento de propostas essenciais para o enfretamento da crise que nasceu nos EE.UU. e caiu sobre o mundo afetando mais os países de economia fragil.
Os economistas brasileiros Antonio Correa de Lacerda e Marcelo Moura que acompanharam o encontro como observadores, celebraram o papel desenvolvido pelo Brasil na articulação do consenso que se verificou nesse encontro. Ressaltam como está na imprensa mundial, que o Brasil nunca tinha tido antes uma posição tão relevante no cenário econômico mundial. Isto, obviamente, graças à habilidade política e o carisma do Presidente Lula que mostrou o Brasil como líder, destacando sua importância na economia global como grande exportador. Aliás, sobre a atuação e a importância do Brasil, a imprensa mundial lhe deu destaque, falando sobre a atuação do Presidente Lula que, apesar de ligeiras gafes, saiu-se extraordinariamente bem nos debates, mostrando conhecimento da matéria que se debatia, com apresentação de soluções adequadas a cada uma. O que vimos foi o Brasil integrado na cúpula do grupo, com Estados Unidos, Inglaterra, França e Alemanha, o que, até então era inédito. O New York Times em sua edição do dia 3, falando sobre a popularidade do nosso Presidente, diz que se a crise continuar pode atrapalhar seu desejo de transmitir o governo em 2010 para sua candidata, mas, lembra o vídeo exibido pela BBC de Londres em que o Presidente Obama, apontando para Lula diz: “Esse é o homem. O político mais popular da Terra“ Já a TV americana ABC, diz que Lula não é o galã do G-20, mas, que a sua fala mostra forte apelo político, influenciando os membros do grupo. O que presenciamos e nos enche de orgulho, é o Brasil saindo a passos largos do terceiromundismo para ingressar com toda gloria no primeiro mundo dos negocios.
O Presidente Lula não se limitou à reunião do grupo para propor medidas de interesse do Brasil e dos países que com ele mantém comércio ativo. Foi o caso do seu encontro reservado com Hu Jintao Presidente da China, quando propôs que as trocas comerciais entre os dois países passem a ser feitas na moeda local. Significa que a China recebe em Yuan o que nos vende e nós receberemos em Real o que lhe vendemos. Esse sistema já é mantido entre Brasil e Argentina e a tendência é abranger toda área do MERCOSUL. É uma proposta audaciosa que mostra a independência econômica do Brasil, coisa que há bem pouco tempo, era impossível em virtude do nosso endividamento, principalmente com o FMI, a quem, hoje, nos propomos socorrer. Significa, também, o que é altamente positivo para os interesses do Brasil econômico, a libertação da influência do dólar no seu comércio. É a independência financeira que coloca o país em condições privilegiadas de negociações e comercio. A moeda americana ausenta-se do comércio entre os dois países, trazendo fortalecimento para as moedas nacionais. O que está acontecendo agora nos faz lembrar que a Libra Esterlina até 1913 desempenhou o mesmo papel que o dólar americano desempenha hoje na economia mundial. Ao final da primeira grande guerra em 1918, a Libra já perdia sua grande influencia no mundo econômico e o dólar ascendia à essa posição conquistando a liderança na economia mundial, tornando-se a moeda universal. Depois de muitos anos nessa posição, hoje, globalmente, o dólar perde valor como reflexo de problemas estruturais da economia americana, com sucessivos déficits em conta corrente e perdendo espaço no comércio mundial. Diante disso, procurando proteger a economia de seu país, vêm propostas como a do Presidente Lula e a delegação russa à cimeira do G20 em Londres, dirigida pelo Presidente russo, num passo mais avançado, leva um extenso pacote de medidas para edificar ´uma nova arquitectura financeira mundial”, que inclui a proposta de criação de uma “moeda supranacional única”. A “criação de uma moeda de reserva supranacional, cuja emissão será feita por institutos financeiros internacionais. Consideramos necessário analisar o papel do FMI (Fundo Monetário Internacional) nesse processo, bem como determinar a possibilidade e necessidade de tomada de medidas que permitam a essa moeda tornar-se uma moeda `de super-reserva` por toda a comunidade mundial”, lê-se num documento aprovado pelo governo russo para a cimeira de Londres a 02 de Abril. Segundo o Kremlin, a base da futura moeda supranacional única poderá ser os Special Drawing Rights (SDR) do FMI. Como é possível notar na preocupação dos países, com a fragilidade atual do dólar, nascida dos problemas financeiros que afetaram a economia americana, existe em todos eles o interesse, mesmo como medida cautelar, de criar ou eleger uma moeda já existente, para substituir o dólar. E a historia do após primeira guerra mundial, substituindo a libra esterlina pelo dólar americano, pode estar se repetindo agora.

(José Prates é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros de 1945 a 1958 quando foi removido para o Rio de Janeiro onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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