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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A geração ameaçada

Manoel Hygino - Jornal ´Hoje em Dia´

Era um regime rigoroso nas escolas. Com régua e palmatória, mas com mais disciplina, havia mais respeito entre as pessoas, de todas as idades, de ambos os sexos (agora, há mais um!), qualquer que fosse a condição social. A situação deteriorou, por força de fatores múltiplos, que educadores, psicólogos, sociólogos e outros especialistas tentam explicar.
De modo geral, a escola não é mais risonha e franca, quanto aquela cantada pelo poeta sobre a Alsácia-Lorena.
Hoje, alunos agridem - não mais apenas com palavras - os mestres; e estes se veem constrangidos a pedir às autoridades autorização para comparecer às salas de aula armados. Cautela não faz mal.
A população acompanha, com verdadeira inquietação, o que acontece. Algumas causas se identificam: estudo nos centros estaduais de atendimento em São Paulo revela que, em dois anos, duplicou o número de menores em tratamento intensivo por “crack” e cocaína. De 2006 para 2008, houve um aumento de 107%.
Para os especialistas, retratam-se as estratégias de mercado que passaram a ditar o tráfico: fidelização da clientela cada vez mais cedo, facilitação de acesso a drogas de todos os tipos e diversificação do consumidor. A compulsão por drogas está em todas as classes sociais.
E daí?
Sabe-se que a violência se agiganta, apanhando em sua rede os pequenos davis de todos os segmentos sociais.
Com essa reflexão, deparo com notícia de um pistoleiro cearense de 18 anos, acusado de 18 assassinatos, que poderá livrar-se da prisão por quase todos os crimes.
Genilson Torquato Rocha já confessou 12 mortes. Nos próximos dias, receberá sentenças de 11. Como os crimes foram antes de atingir a maioridade penal, o julgamento se fará com base no Estatuto da Criança e do Adolescente, que prevê medidas socioeducativas, que substituem a pena de prisão.
Medidas socioeducativas?
O rapaz sequer irá a júri popular, também com base no Estatuto. O adolescente pistoleiro foi caçado em todo o Estado, durante quatro anos, e capturado em agosto de 2008. Ele afirmou que mata desde os 15 anos e, segundo a polícia, todos os crimes foram “encomendados” ou praticados por vingança. Não se vincula a prematura disposição de matar friamente a drogas.
Um psicótico, disposto a eliminar pessoas simplesmente por dinheiro? Deploravelmente se tem de curvar à evidência dos fatos. Os jovens começam muito cedo, presentemente, no precipício da violência, contaminados ou não pelas drogas.
Precocemente, talvez por influência também dos veículos de comunicação, pela influência das imagens, por exemplos muito próximos, já se interessem pelo crime, pela necessidade de afirmação, de conquistar espaços não conseguidos por vias seguras, talvez mais árduas, do bem e do justo.
Observa-se felizmente o propósito de autores e atores do poder público e de instituições idôneas de participar da formação de novas gerações de brasileiros dignos.
É algo absolutamente imprescindível, mas é necessário mais do que boa vontade e disposição de servir.
Ao grande esforço há de juntar-se a comunidade como um todo, sobretudo as famílias, grandemente desajustadas por motivos que já exigiram pormenorizados estudos.
Estamos deixando que crianças e adolescentes continuem se desviando e se transviando.
Há de se tentar “agilitar” (é o verbo perfeito, diferentemente de “agilizar”) ações que visam à construção de uma família moderna, mais saudável física e espiritualmente.
Falta muito para se chegar lá. Mas não é lícito parar no meio do caminho.

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