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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Disputa que vale a pena

Waldyr Senna Batista

Montes Claros está participando de disputa silenciosa em que o objetivo é conquistar o privilégio de sediar o maior centro atacadista de moda do mundo. Isto mesmo: o maior do mundo. Pelos números e informações que se seguem, é possível avaliar a dimensão desse empreendimento, em que a outra concorrente é cidade situada na área metropolitana de Belo Horizonte.
Nele, os lojistas nacionais e internacionais terão à disposição 1.200 marcas de produtos de moda e 300 lojas de apoio. Os investimentos iniciais, contando edificações, acabamento interno das lojas e lançamento de modelos, serão superiores a US$ 100 milhões.
Todos os polos do gênero no Brasil, como os existentes em Belo Horizonte, Divinópolis e Muriaé, têm como limitador de crescimento o aumento da distribuição de seus produtos. O que se pretende para Montes Claros viabilizará unidades fabris de todos os portes, incluindo a mão de obra informal para confecção de peças de vestuário em residências, de que se tem tratado nesta coluna.
Além de incentivar o surgimento de outros polos de moda em cidades brasileiras, próximas a ele ou não, o empreendimento deverá criar cerca de 15 mil empregos. No caso de vir a ser concretizado o distrito industrial para 2 mil empresas, como está previsto, o grupo doará terreno para cada marca que pretenda ali se instalar. Nessa hipótese, várias pequenas fábricas seriam criadas, de forma que cada marca possa atender todo o mercado nacional e internacional.
Há exemplos de empresas que prosperaram a partir de pequenas cidades. A Zara, maior fabricante mundial de roupas, com sede em Arteixo, na Espanha(província de Corunha, na Galiza, 28 mil habitantes), dispõe de 1.600 lojas espalhadas em 40 países. O que se imagina para o projeto em questão é seguir esse modelo, dependendo do espírito empreendedor e da visão de futuro das pessoas que dele participarem.
Esses números assustam e até provocam incredulidade. Um empreendimento dessa envergadura transformaria Montes Claros, social e economicamente, e parece inalcansável. Mas não é. Já há corretores de imóveis atuando para identificar área com pelo menos 1 milhão de metros quadrados, fora do perímetro urbano, que se adéque ao projeto e onde será implantada toda a infraestrutura. O prefeito Luiz Tadeu Leite já foi inteirado da proposta e se comprometeu a dar integral apoio, a começar pela doação do terreno, que pode efetivar-se também através de investidor que pensa em lucrar no futuro com a venda de áreas remanescentes. É bom lembrar que isso nada tem a ver com o novo distrito industrial prometido pelo prefeito na campanha eleitoral.
Até agora, procurou-se cercar o assunto de sigilo, para preservá-lo do assédio de outras regiões do Estado e do País. Inicialmente, ele era direcionado para as proximidades de Belo Horizonte, mas tem pesado contra essa tendência o argumento de naquela região já existem centros comerciais do gênero, embora de dimensões inferiores, pelo que a escolha de Montes Claros passou a ser considerada . Por isso, a citação de nomes e números, que aqui se faz agora em absoluta primeira mão, tornou-se recomendável.
Para a participação de Montes Claros nessa disputa, influiu decisivamente o empresário Gilson Caldeira, que casualmente tomou conhecimento do projeto. Ele atua nos ramos imobiliário (loteamento do Ibituruna), de construções ( Construtora Antares ) e de ensino superior ( faculdade Ibituruna), entre outros, o que o leva a relacionar-se com grandes empreendedores de Minas Gerais e São Paulo. E foi num desses contatos que ele ficou sabendo do projeto do centro atacadista de moda.
Os empresários que estão à frente do projeto são: Omar Hamdam, importante consultor de modas, que promove em São Paulo desfiles com a participação de modelos do gabarito de Giselle Buchen; Luiz Carlos de Sá, nome de expressão no mercado imobiliário mineiro; e Carlos Carneiro Costa, dono da Construtora Líder, que responde pela construção de edifícios de alto luxo em Belo Horizonte. Quanto a Gilson Caldeira, ele diz que se limitará a intermediar os contatos iniciais do grupo empresarial com a prefeitura e proprietários de imóveis.
A disputa vale a pena, e são consideráveis as chances de Montes Claros vir a ser escolhida. Sobre o assunto ainda há muito o que dizer, nas próximas colunas.

(Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).

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