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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: NAS RUAS DE MONTES CLAROS
José Prates
Com sua permissão, Raquel.
Mesmo sentindo as dores na coluna, coisa que me atormenta, principalmente de manhã, acompanhei Raquel Chaves na sua caminhada pelas ruas de Montes Claros. Fui devagar, olhando um lado e outro procurando conhecidos que não encontrei. Vamos subir a Rua Presidente Vargas que há poucos anos atrás era chamada de rua quinze, disse-me Raquel. Ué, a Rua quinze mudou de nome? Não sabia. E as lojas de “seu” Ramos, onde estão, por que não as vi? O passeio da moçada, com os rapazes nas calçadas fazendo “paquera” não existe mais? Acho que não, porque Raquel não falou nada a respeito. Também, com todo esse desenvolvimento que trouxe muita agitação, não há tempo para passeios românticos. Fomos andando e Raquel informou que do outro lado da rua fica o consultório de doutora Maria de Jesus e do doutor Rameta. Nesses, nunca tinha ouvido falar. Estranhei porque naquele lugar, não era o consultório do dr. Hermes? Ele morreu, já faz tempo. Grande perda para Montes Claros foi a morte do dr. Hermes. Escritor, pesquisador, tinha a preocupação de mostrar em livros, a historia da cidade. Fomos andando. Atravessamos a Avenida Afonso Pena onde tantas vezes eu passei vindo da Estação. Lá na esquina era a casa de “seu” Natercio, pai de João Leopoldo, meu amigo e colega na Real Aerovias e lá em baixo fica a Catedral, monumental templo, onde levei Afra para o matrimonio. No principio do passeio do lado esquerdo, Raquel mostra-me a venda de Seu Carlos construída de armação de zinco..Esse tipo de construção é minha conhecida. Lá no Rio, principalmente no subúrbio, existem muitas. Pode ser, inclusive, que Seu Carlos as tenha copiado. Mas, não paramos ai. Vamos andando, subindo a rua, eu cada vez mais interessado naquele passeio que me trouxe de volta à minha cidade. Ela me chama a atenção para Tião boi na sua sapataria que fica entre o conservatório e a casa de dona Ligia, sua professora de educação física no Colégio Imaculada Conceição. O Colegio Imaculada eu conhecia. Lendário, responsável pela educação de tantas jovens que vinham de fora, vivendo e estudando sob a disciplina das Irmãs Maristas. Do conservatório eu não me lembro; parece coisa nova. Agora, estamos na Rua Simeão Ribeiro que me faz lembrar o homenageado. Pra mim, foi ontem essa eleição que nos deu Dr. Simeão Ribeiro como Prefeito, sucedendo o dr. Alfeu. Foi bom administrador e Montes Claros ganhou muito com seu governo. Nessa rua, a nossa lembrança mistura-se à fragrância de perfumes suaves que invade todo espaço, vindo da perfumaria Lee e me lembra as ruas de Sacramento, na California. Vamos andando devagar e, de repente, a surpresa me invade: Meu Deus! Aquele é o armarinho Jabur? Ainda existe? Claro que não é o mesmo dono e garanto que Raquel não conheceu o primeiro Olhem, é surpresa atrás de surpresa. Do outro lado, um estabelecimento comercial, bonito e bem arrumado, onde os fogões de 6 bocas(chamas), as tv’s coloridas e as geladeiras duplex em exposição chamam a atenção dos consumidores. São as últimas novidades em eletrodomésticos. Raquel informa que ali são as Casas Buri. Que eu me lembro, casa comercial desse tipo era na Rua Dr. Veloso e chamavam de Lojas Macedo. Colorida e iluminada, chamava atenção. Ao chegarmos nessa rua, olho tudo com saudades. Ali instalamos o Jornal de Montes Claros e ali ele viveu. Ao lado, a casa do dr. Alfeu e dona Helena Prates e cá em baixo o bar do Zé Priquitim onde deliciamos o saboroso e refrescante refrigerante Graphete. Mas, não estava ali o Zé Priquitim do meu tempo, do pastel feito na hora e o caldo de cana tirado da cana, ainda, com casca espremida na presença do freguês.
Uma jovem de botas de cano longo e salto alto, maquiagem de cor carmim nas bochechas, cabelo longo e muitos adereços, em alto e bom tom dá sinais de que estamos próximos da Casa Alves. Casa Alves, a mesma de antigamente? Pergunto, sem acreditar no que vejo. A mesma, confirma Raquel. Está ficando tarde, já são 18,15 e Raquel tem pressa. Descemos a Rua Camilo Prates e sua mãe, apressada, procura a Casa Ledo, pra comprar comesticos. Está fechada, observo. Não tem importância, bate na porta e eles abrem. Na farmácia Santa Terezinha, ali mesmo, onde a conheci, Raquel vai conferir seu peso. A balança não mudou, é a mesma. A gente vai descendo a rua, encontra com gente conhecida e gente que eu nunca havia visto. Sinto o cheiro de pipoca, cheiro gostoso, que vem não sei de onde. São as pipocas Lili, diz Raquel.São feitas com manteiga de garrafa. Maravilhoso passeio, esse que fizemos e agora está terminando. Passanos em frente à capelinha construída perto do Hospital Santa Terezinha, Raquel faz o “em nome do Pai”. Ai, ela retorna pra casa e eu acordo desse sonho lindo.
Raquel, por favor, diga-me se você é a Raquel, irmã de Humberto, que eu conheci menina, quando morei visinho de vocês, trabalhando na Real Aerovias.


(José Prates é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros de 1945 a 1958 quando foi removido para o Rio de Janeiro onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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