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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 5 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A inesquecível Felicidade Perpétua Tupynambá

Ruth Tupinambá Graça

A data 20 de Junho de 1909 é sagrada para mim. Neste dia, no sobrado número 18, (que ainda existe) na Praça Dr. Chaves, ao lado do Centro Cultural Dr. Hermes de Paula, nasceu numa hora feliz, Felicidade Perpétua Tupynambá.
Filha do casal Josefina Mendonça Tupynambá e Tobias Leal Tupynambá. Começou sua vida escolar no Grupo Escolar Gonçalves Chaves, onde fez o primário e mais tarde diplomando-se normalista na Escola Normal Oficial Melo Viana, de Montes Claros. Era estudiosa, perspicaz, que, apesar de dificuldades de transporte e comunicação da nossa cidade, com grande força de vontade, ela conseguiu fazer vários cursos em Belo Horizonte e São Paulo: Arte na Educação, Psicologia da Arte em função de Recreação, vários cursos de psicologia infantil que lhes proporcionaram cultura, talento, experiências das quais ela soube aproveitar transmitindo às nossas escolas no esforço de bem servir.
Com o diploma em mãos, lecionou na Escola Estadual Professor Plínio Ribeiro, Colégio Imaculada Conceição, Instituto Norte Mineiro, Colégio Diocesano, aulas de Educação Física, Artes, Sociologia e Psicologia, aposentando-se depois de 30 anos de magistério.
Sua caminhada foi um rastro de luz deixando por onde passava seus raios incandescentes de amor. Naquele coração só existia espaço para a ternura, tinha sempre uma palavra amiga para acalentar o coração dos que sofriam.
Fely (como carinhosamente a chamávamos) deixou uma maravilhosa obra literária. Da sua mente prodigiosa passaram para a posteridade muitos livros de contos e poesias e durante muitos anos seus poemas e crônicas abrilhantaram as páginas de diversos jornais de nossa terra, com tanta sensibilidade que levou o escritor Nelson Viana chamá-la de “A Pérola de Montes Claros”.
Foi ela que com sua experiência e vontade de servir implantou, juntamente com a Marina Fernandez Silva, o Conservatório Estadual Lorenzo Fernandez, que tantos benefícios vem prestando a juventude montes-clarense e de toda nossa região.
Implantou o Curso de Pedagogia (normal) no Colégio Imaculada Conceição. Também o Centro Cultural de Moc deve a Fely a sua fundação.
Como artística plástica de reconhecida capacidade criativa, na década de 40, juntamente com Godofredo Guedes, a primeira exposição “Salão de Artes Plásticas em Montes Claros” pertencia a Academia Montes-clarense de Letras como sócia efetiva e secretária ao lado da Presidente Professora Yvonne Silveira que até hoje se lastima pela sua ausência e a falta da sua eficiente colaboração.
Fely era uma mulher extremamente bonita, educadíssima, elegante, uma perfeita “Lady”. Era alegre, gostava de cantar, dançar, declamava muito bem tanto que era solicitada em todas as reuniões e festas em que ela estivesse presente e o fazia com tamanha sensibilidade e perfeição que muitos assistentes não conseguiam conter as lágrimas...
A característica principal da sua personalidade era ajudar a quem precisasse.
Para ela não havia diferença ente ricos e pobres, pretos ou brancos. Era afável com qualquer um e amiga de todos.
Nunca se casou embora tenha sido muito cortejada. Teve muitos namorados e até noivo, mas ela queria mesmo era ser livre.
Mas os seus feitos não se restringiram só a área cultural. Era decidida, enérgica e firme nos seus objetivos, valores que impulsionavam suas atitudes. Por isto ela foi a primeira mulher que, enfrentando os preconceitos da nossa sociedade (e os “tabus” daquela época) aceitou o cargo numa repartição pública. Admitida na Prefeitura Municipal de Montes Claros (gestão do Dr. Santos) permanecendo no cargo de Chefe de Gabinete por 30 anos. Passou por onze Prefeitos ocupando por duas vezes, o cargo de Vice-Prefeito (por afastamento dos titulares) onde governou a nossa cidade.
Podemos afirmar que entre os filhos de Montes Claros, nos últimos 60 anos ninguém tenha exercido ou ocupado maior espaço político e cultural na vida da cidade do que esta abnegada professora.
Sua cultura emoldurada pelas pesquisas se eternizou como autora da preciosa obra “O Mundo Interior da Criança”.
Numa linguagem clara, precisa e objetiva, a autora torna possível, através da arte e do desenho penetrar na alma infantil de uma maneira mais delicada e mais agradável.
Com sua experiência adquirida na Escolainha de Artes (fundada por ela) e como professora de Artes Plásticas e Psicologia, a autora oferece aos pais, Educadores e alunos do Curso de Especialização, Pós-graduação, Pré-primário, uma oportunidade para grandes descobertas e válidas experiências.
Nesta comemoração do centenário de vida de Felicidade Perpétua Tupynambá, ela marcará com este livro sua passagem por esta Montes Claros que ela tanto amou e tanto beneficiou. Que ele seja bem aproveitado, fazendo jus ao que sua autora sempre almejou.
Que o exemplo de Felicidade Perpétua Tupynambá seja uma Bandeira para seguirmos. Que todos os Montesclarenses perpetuem a memória desta inesquecível professora, que dedicou sua vida inteiramente a Montes Claros, durante os 90anos de sua existência.

(N. da Redação: Ruth Tupinambá Graça, de 94 anos, é atualmente a mais importante memorialista de M. Claros. Nasceu aqui, viveu aqui, e conta as histórias da cidade com uma leveza que a distingue de todos, ao mesmo tempo em que é reconhecida pelo rigor e pela qualidade da sua memória. Mantém-se extraordinariamente ativa, viajando por toda parte, cuidando de filhos, netos e bisnetos, sem descuidar dos escritos que invariavelmente contemplam a sua cidade de criança, um burgo de não mais que 3 mil habitantes, no início do século passado. É merecidamente reverenciada por muitos como a Cora Coralina de Montes Claros, pelo alto, limpo e espontâneo lirismo de suas narrativas).

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