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Mensagem: MINIATURA IGREJINHA DOS MORRINHOS Jose Prates Ela está na mesa do computador, acima do monitor, ladeada por uma pequena figura do Cristo e uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. Pequena, humilde, com paredes brancas; portas e janelas em azul claro. À entrada do pátio, o cruzeiro majestoso mostra a porta aberta, convidando à oração. É a Igreja dos morrinhos de Montes Claros, que ali está em miniatura, em minha frente, fazendo-me, ás vezes, parar a digitação do que tenho na mente, para contemplá-la. Aí, na minha imaginação, a miniatura cresce e se transforma na real igrejinha plantada no alto do morro, abençoando a cidade aos seus pés. Assim era e assim vejo agora a Igrejinha que nós conhecemos a mais de meio século passado, quando ali íamos aos domingos, em românticos passeios, longe de vistas fiscalizadoras. Ali, de mãos entrelaçadas e brilhos nos olhos, inocentes casais de namorados contemplavam a cidade, sonhando com o amanhã de felicidades em um lar que, a muitos, talvez não tenha chegado. Era sempre aos domingos: os casaizinhos em plena adolescência, naquele namoro morno que a época exigia, sentados no pequeno gramado, fazendo confidências inocentes como inocente era o romantismo do encontro, tão romântico quanto o ambiente. Igreja dos morrinhos, sinônimo de encontro sem pecado, aqui em miniatura, me conduz ao passado, quando dava os primeiros passos no caminho da vida responsável. Contemplando a miniatura, me vejo sentado na base do cruzeiro, junto com a namorada, hoje esposa, de mãos dadas, vivendo em sonho o futuro que juntos pretendíamos construir e que, pela graça de Deus, construímos no lar que erguemos sobre o alicerce do amor, para abrigo e segurança dos nossos filhos, onde lhes demos o nosso exemplo de vida. Éramos dois adolescentes, hoje, somos bisavôs, mas, ainda guardamos na lembrança os momentos de sonhos vividos no ádrio da Igrejinha que em miniatura, está em nossa frente para nos fazer continuar sonhando embalados pela felicidade que nos envolve, ignorando o tempo que passou e a velhice que chegou. Hoje, quantas vezes, sentados e mãos entrelaçadas, contemplando a miniatura, nós nos sentimos como ontem, fazendo voltar os sonhos, não os mesmos sonhos do passado que traziam esperanças, nutrindo o amor recém-nascido, mas, a visão do sonho realizado pela firmeza do amor, fortalecido pela compreensão, confiança e respeito mútuos; a certeza da família bem criada, refletida na alegria e saúde dos netos e bisnetos que nos conduzem ao paraíso, pelo afeto que nos cumulam. Infelizmente, essa poesia, esse romantismo permanece, apenas, em nossa lembrança porque a notícia que nos chega, junto com a miniatura, é de que os morrinhos, hoje, estão no centro da cidade. Não foram eles que vieram para o centro, foi o centro que chegou a eles com a cidade que se estendeu e o que era longe ficou perto. Ruas pavimentadas cheias de carros circulando destruíram, naturalmente, toda poesia que fazia dos morrinhos o recanto encantado dos namorados. Isto é o que chamam de progresso: a destruição do belo e poético, para atender às exigências do mundo de hoje, voltado para o capital, alheio à beleza poética do sentimento que envolve o jovem quando descobre o amor. Hoje, com certeza, a poética e solitária Igreja desapareceu e em seu lugar surgiu, apenas, mais um Templo na grande e capitalista cidade. Por isso, a linda miniatura fica conosco a nos lembrar a beleza dos nossos encontros à sombra do cruzeiro. (José Prates, 81 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores).
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