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Mensagem: Dançando e rebolando Waldyr Senna Batista Inaceitável e injustificável o que está acontecendo em Montes Claros no caso da dengue. A cidade ocupa a incômoda posição de segundo maior foco de Aedes aegipt no Estado, com números que duplicaram em apenas uma semana. Ou seja: de 925 casos suspeitos, na semana passada, chegaram a 1840, nesta semana. Os casos confirmados, mais do que triplicaram no mesmo período: de 92, passaram para 303 (números oficiais de segunda-feira). A situação é tão grave, que o secretário municipal de saúde, José Geraldo Drummond, admitiu situação de epidemia, o que o obrigou a criar força-tarefa para o acompanhamento dos casos suspeitos, “para evitar complicações”, e a instituir comitê emergencial de combate à dengue, para controle e acompanhamento de todos os casos, suspeitos e confirmados. O índice de infestação é calculado em 7,8%. A situação é alarmante. Os hospitais estão lotados e as filas crescem nos pontos de coleta de material para diagnóstico. Médicos, enfermeiros e agentes comunitários do PSF foram treinados para o atendimento dos pacientes nas unidades básicas. O secretário municipal reporta a 2007, quando a cidade viveu quadro semelhante, para dizer que “a doença obedece a um ciclo de recrudescimento de tempo em tempo, tendo em vista as condições climáticas da região ``. Assim, segundo ele “ a cada três a quatro anos, há um aumento do número de casos ´´. Partindo de médico de renome, ocupando posição qualificada, a informação tem fundamento científico. Sem envolvimento partidário, o secretário não estaria pretendendo transferir responsabilidades, culpando a administração anterior pelo desastre, como costumam fazer a maioria dos políticos. Não faz o estilo dele. Até porque, sendo cíclico o surto do inseto transmissor da dengue, seria previsível o ataque registrado agora, em proporção alarmante. Não houve trabalho preventivo, e isso envolve a atual administração, que, no ano passado, que se saiba, não fez o dever de casa. O momento é de agir com eficiência e rigor, e o secretário de saúde está demonstrando isso com as medidas que adotou. Há que se estranhar, apenas, em sua informação, que as ``condições climáticas`` deste ano não estariam levando à multiplicação dos focos, já que na região está instalada uma das piores secas dos últimos tempos. Praticamente não choveu em Montes Claros. Não há, portanto, formação de poças de água de chuva. Donde se conclui que os mosquitos responsáveis pela epidemia de dengue na cidade são oriundos de outros focos. Como, por exemplo, lixo acumulado em locais indevidos, lotes vagos onde cresce o matagal e até falta de capina do mato que medra nas frestas do meio-fio em ruas centrais, algumas bem próximas da sede da Prefeitura, como se vê na avenida Sanitária. Vale dizer, houve flagrante omissão da Municipalidade, que agora, em pleno carnaval, tem de dançar e rebolar para contornar a situação caótica que predomina na cidade. O trabalho que vem sendo realizado segue critérios técnicos adequados, mas ainda não produziu os efeitos desejados. Prova disso é o crescimento dos números divulgados oficialmente, sem contar que, em grande parte, o resultado do exame do material colhido para o diagnóstico demora cerca de 30 dias, quando o paciente, curado, já não mais se interessa por ele. O efeito é meramente estatístico. O que leva a crer que , a esta altura do carnaval de rua patrocinado pela Prefeitura, o desastre pode ser até maior do que se imagina. Sem fantasias. (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)
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