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Mensagem: ANTIGOS CARNAVAIS Ah, que saudade de meus antigos carnavais! Eram, antes de tudo, samba no pé, pelas ruas e clubes das cidades. Todo mundo conhecia todo mundo. Hoje são multidões anônimas, emboladas em locais gigantescos. A estrela-d’alva, vênus soberana, guia dos navegantes, não mais é vista a fulgurar no céu, ofuscada por potentíssimos néons. O alegre pedido “ei, você aí, me dá um dinheiro aí”, foi substituído por “ei, você aí, me passa logo a carteira, o relógio e a corrente de ouro”. As letras das músicas não mais são românticas. Arlequim não mais chora na multidão pelo amor da Colombina. Por onde andam os pierrôs apaixonados? E as pastorinhas que cantavam na rua lindos versos de amor? Ah, que saudade dos lança-perfumes, que nos faziam gritar de prazer e perfumavam os ambientes! Foram substituídos por maconha, cocaína, craque e outras drogas mais modernas. E os confetes e as serpentinas? Onde andarão? A pista do samba é limpa por garis, para um novo desfile quase imediato. Não mais se dança carnaval, desfila-se. Agora é um convulsivo pula-pula sem fim. Um barulhão de arrebentar os tímpanos. Fortunas são investidas por pessoas que se encarregaram de explorar e ganhar dinheiro com a festa do povo, para mostrá-la, com roupagem nova, a curiosos turistas, em luxuosos camarotes e arquibancadas de cimento. O mundo inteiro assiste, nas telinhas, aos suntuosos desfiles. Mulheres lindas se exibem nuas para delírio do que agora se chama “galera” e teventes. Ah, que saudade dos tempos em que as estradas não ficavam congestionadas e que não se faziam estatísticas de acidentes! Hoje em dia, para mim, carnaval é só na televisão, com uma pipoquinha e uma cervejinha bem gelada! Mas até o romper da aurora, porque sou Mangueira, doente e da gema, há mais de meio século.
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