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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 2 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Mulher de Marcos diz que o perdoa - Renata Galdino - “Também perdi a minha família. A dor que sinto é tão grande quanto a que as famílias dessas mulheres estão sentindo”. Este foi o desabafo feito ao HOJE EM DIA pela vendedora e manicure Rose Paula Teixeira Câmara, 27 anos, mulher do pintor Marcos Antunes Trigueiro, 31 anos, acusado de ser o “Maníaco do Industrial”, ao falar sobre o envolvimento do marido em pelo menos cinco homicídios de mulheres na Região Metropolitana de BH. Ainda usando a aliança de casamento, Rose afirma que vai pedir o divórcio a Marcos, com quem tem uma filha de um ano e oito meses, mas ainda não sabe quando. Os dois se conheceram em outubro de 2005 e três anos depois, quando ele saiu da prisão ao cumprir pena por furto, se casaram. A filha deles nasceu no mesmo dia em que foram morar juntos. “Assistiu o parto, segurou a minha mão. Ele é um marido e um pai amoroso”, afirma. A esperança, segundo Rose, era de que Marcos tivesse se arrependido e mudado de vida. A vendedora garante que não sabia dos crimes atribuídos ao pintor. Porém, quando a estudante de Direito Natália Cristina de Almeida Paiva, 27 anos, desapareceu em outubro do ano passado, chegou a perguntar ao marido se ele teria algo a ver com o caso. “Negou, falou que eu estava ficando louca. Mas senti alguma coisa me incomodando. Não sei explicar isso”, diz. Agora, ela planeja voltar a trabalhar, estudar e se formar em Direito. “Queria ser jornalista, mas vou chegar a ser é delegada de polícia”, planeja. Como você e Marcos se conheceram? Tinha acabado de descer do ônibus, chegando do serviço, indo para a casa da minha mãe. Chovia e ele me ofereceu carona no guarda-chuva (risos). Depois, me convidou para ir ao cinema. Não rolou nada de cara. Estava grávida de dois meses, de um cara que me abandonou, disse que o filho não era dele. Estava passando por momentos tão difíceis, e ele me encantou por ser legal, romântico. Uma vez, ele disse que iria me dar um presente, e uma colega minha disse para ele que teria que me dar um berço, pois eu estava grávida. Ele disse que não tinha problema, que assumia meu filho. Marquinhos (Marcos Trigueiro) registrou meu filho no nome dele. E como é o Marcos? Romântico, carinhoso, muito presente em minha vida, me elogiava, não gostava que eu andasse desarrumada. Me ajudava muito a fazer as coisas dentro de casa, até comida fazia. Às vezes, chegava em casa e ele tinha lavado a roupa. Ficava nervosa com ele, dizia que não precisava lavar porque ele não sabia. É uma pessoa fechada, mas minha família gostava dele. Gosta de assistir filmes de terror. Eu era muito ciumenta, porque muitas mulheres ficavam de cima dele. Chegamos a brigar algumas vezes, e eu até avançava nele. Ele nunca encostou a mão em mim e me dizia para não bater na cara dele. Ao contrário do que as pessoas falaram, Marcos não era evangélico. De novembro para cá, ele mudou muito. Ficava mais em casa, pediu para orar com ele, assistia programas evangélicos. Passamos um Natal tranquilo, o Reveillon na igreja. Ele ia na igreja quando eu pedia. Como o Marcos se comportava quando lia, via ou ouvia alguma coisa na imprensa sobre as mortes dessas mulheres? Ele sempre ficou normal, nunca deu alguma pista para que desconfiasse dele. Por fim, já não estava mais assistindo jornal e dizia que queria assistir programa evangélico. Quando ele colocava nesses programas, eu virava de lado, fingia que estava dormindo. Se ele voltava para o jornal, me virava para ver. Ele até brincava: “É, você gosta é de jornal, né?”. Quando não dava para ver, eu comprava o jornal na rua para saber desses casos. Acompanhei essa menina Natália, quando a ossada dela foi encontrada. Nunca pensei que ele tivesse matado ela. E você, como lidava com essas informações, sem saber que o Marcos estava envolvido? Fazia unha e as clientes comentando sobre o maníaco. Imaginavam um cara feio, e eu nunca pensei que meu marido, um homem bonito, estivesse envolvido nisso. Mesmo ele tendo confessado, ter provas contra ele, DNA, às vezes meu consciente não acredita que ele fez isso. A dor é muito forte. Como uma pessoa que me tratava tão bem pode ter feito tão mal a essas mulheres? É isso que quero que ele responda. Por que fez isso? Sonho à noite com as famílias dessas mulheres. Também perdi a minha família. Você sabia como o Marcos conseguiu os celulares das vítimas? Ele dizia que tinha recebido como parte de pagamento de serviço feito por ele com pintor. Mas não era nas datas dos crimes, era um tempo depois. Vendi dois por sugestão dele mesmo, para conseguirmos um dinheiro. Não desconfiei de nada. Os celulares estavam sem números na memória, sem nome, nem nada, sem mensagens, totalmente limpo. Marcos realmente tentou se matar na cadeia? Fiquei sabendo pelo advogado que falou que ele também tinha ficado sabendo disso, antes de sair a reportagem no jornal. Pedi a ele que perguntasse ao Marquinhos se isso era verdade, mas ele ficou calado, em silêncio, não respondeu a pergunta. No dia em que o delegado fez a acareação com ele (antes dela sair da prisão, na última segunda-feira), vi ele de uma forma que nunca tinha visto, maltratado, muito sujo, triste. Ele chorou, me pediu perdão. Pedi a ele que não fizesse nada de errado. Vai visitar o Marcos na prisão?(Silêncio) Ainda não estou com a cabeça boa, estou magoada. Não quero vê-lo, mas também não vou me opor se algum parente quiser levar meus filhos para vê-lo. Você ainda o ama? O amor não acaba de uma hora para outra, mas não sei se vai dar para ficarmos juntos. Estou magoada. A minha cabeça não está boa mesmo. Sei que ele me ama do jeito dele. Se não me amasse, eu não estaria aqui, estaria morta. Se ele fez o que fez, poderia ter feito comigo também. Depois de ser preso, pediu ao advogado que se preocupasse comigo. Você tem recebido o apoio da sua família? De todos. Até pessoas conhecidas minhas têm me apoiado. Outro dia um cara que arrumou um emprego uma vez para mim me deu R$ 50, mesmo eu dizendo que não estava precisando. Me perguntam se preciso de alguma coisa, de dinheiro. Uma prima, pra me ajudar, pediu que fizesse a unha dela. Cobrei R$ 10, é um dinheiro honesto que ajuda a comprar leite, fraldas. Tem medo de alguma coisa? Tenho medo de que, com toda essa repercussão, perca minha mãe. Ela tem pressão alta e teve que ir para o hospital no dia em que fui presa. Já não tenho pai e, se ela morrer, aí vou perder de vez meu chão. Minha mãe e meus irmãos não têm nada a ver com isso. Mas estão (a opinião pública) julgando a gente. E como estão seus filhos? (Chora) A minha filha chora e chama pelo pai o tempo todo. Minha mãe escondeu os jornais, mas ela viu uma foto dele no jornal e começou a falar “Papai, papai”. Ele é louco pelos meus filhos. Vivemos momentos muito felizes juntos. Você perdoa o Marcos?(Pausa) Olha, se eu não perdoar o inimigo, Deus nunca vai me perdoar.

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