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Mensagem: Ex-mulher de maníaco desconfia de mais mortes - Marcos Trigueiro, o “Maníaco do Industrial”, será investigado por casos de 1999 e 2000 - Carlos Calaes - Repórter - A comerciante M.A.S., 37 anos, é, hoje, uma mulher amedrontada e confusa. Ex- companheira de Marcos Antunes Trigueiro, o “Maníaco do Industrial”, com quem viveu durante quase dois anos no período de 1999 a 2001, e teve uma filha, hoje com 9 anos, ela acredita que o ex-companheiro possa estar envolvido de alguma forma com alguns dos desaparecimentos e mortes de mulheres ocorridos na Região Noroeste de Belo Horizonte naquele período. Os crimes até hoje não foram esclarecidos e se tornaram um dos maiores desafios já enfrentados pela polícia mineira. O chefe da Divisão de Crimes contra a Vida (DCcV), delegado Wagner Pinto de Souza, informou que ela deverá ser intimada para revelar o que sabe. Confusa, M. garante que não tem raiva do ex-companheiro que, garantiu, nunca foi violento com ela e a filha do casal. No entanto, admite que, após a separação, Marcos extorquiu dinheiro dela sob a ameaça de tirar a filha da sua guarda. Ela diz, ainda, que tenta “organizar suas lembranças”, mas adianta que algumas situações quando Marcos apresentou comportamento estranho e teria dormido fora de casa fizeram com que ela começasse a pensar e ligar os fatos. Segundo M., na época Marcos teria uma kombi e trabalharia como perueiro. “Estou com muito medo, por isso não quero me expor. O que estou pensando pode não ser nada, mas eu gostaria de ajudar o trabalho da polícia”, diz. M. disse que nunca foi apaixonada por Marcos e que decidiu se separar pelo fato de ser dez anos mais velha que ele. Na época, relembra, o casal morava em Contagem. Ela acredita que Marcos acabou se tornando o que é por causa da infância sofrida e de ter sido maltratado pelo pai e a mãe. “Ele é fruto do que os pais fizeram”, resume. M. afirmou que decidiu falar o que sabe, não por raiva do ex-companheiro, mas por ficar apavorada com os crimes que estão sendo atribuídos a ele. Como não há nada de concreto, o HOJE EM DIA não procurou familiares das mulheres desaparecidas e mortas no período entre 1999 e 2001. Marcos está preso no Ceresp do São Cristóvão, e nesta sexta-feira (5) prestou mais um depoimento sobre os crimes de que é acusado. As mulheres estupradas e mortas pelo maníaco no ano passado, de acordo com as investigações da polícia e a própria confissão do maníaco, foram a empresária Adina Feitor Porto, 34 anos, em 26 de janeiro, a comerciante de roupas Ana Carolina Menezes Assunção, 27 anos, em 16 abril, a comerciante Maria Helena Lopes Aguilar, 48 anos, em 16 de setembro, a estudante de Direito Natália Cristina de Almeida Paiva, 27 anos em 7 de outubro, e a contadora Edna Cordeiro de Oliveira Freitas, 35 anos, em 11 de novembro. Além das mulheres estupradas e mortas, o maníaco também confessou o assassinato do taxista Odilon Eustáquio Ribeiro, 59 anos, ocorrido em 2004 em Betim. Ele também é suspeito de matar seu tio, Antônio Trigueiro, 50 anos, com um tiro no peito em 2004 em Contagem, para roubar R$ 25 mil, um agiota identificado como “Davi”, depois de invadir a pizzaria da vítima num assalto também em Betim e pela morte da filha, Mariana da Silva Trigueiro, de 3 meses e 22 dias em 7 de fevereiro do ano seguinte, em Ibirité. No atestado de óbito, consta que a menina morreu vítima de trauma craniano, abdominal e torácico, provocado por pancada que podem ter sido causadas por socos. Na última quinta-feira, o HOJE EM DIA esteve no barracão na Rua Alves de Azevedo, 39, na divisa de Ibirité e Contagem, onde Marcos morava com Maria Aparecida da Silva Gonçalves e o bebê. O barracão fica a apenas um quarteirão da casa de M.B.T., mãe de Rose Paula Câmara Trigueiro, atual mulher do maníaco.De acordo com o aposentado Geraldo Cândido Lacerda, 63 anos, dono do imóvel, o casal morou no local apenas por dois meses. “Após a morte da criança, eles foram embora levando as chaves. Só agora isso fiquei sabendo de tudo isso”, disse. - Crimes ficaram sem solução - Do final de 1999 até meados de 2001, vários casos envolvendo desaparecimentos e mortes de mulheres por estrangulamentos estabeleceram uma série de crimes misteriosos que deixou a população de Belo Horizonte amedrontada. Até hoje, a maioria desses crimes ainda não foi solucionada. Os casos são da pedagoga Selma Beatriz da Silva, 33 anos, que sumiu no bairro Camargos em 26 de fevereiro de 1999; da estudante Carla Emanuelle da Silva, 11 anos, que desapareceu após sair para comprar macarrão no então Hipermercado Bon Marché, no Shopping Del Rey em 5 de março de 1999; a secretária-geral do Instituto de Ciências Exatas, desaparecida no Campus da UFMG em 10 de março de 1999, cujos restos mortais foram encontrados em setembro de 2005. Também inclui o caso da bancária Elizabete da Silva Nogueira, 34 anos, que sumiu dia 24 de maio de 1999 nas proximidades do Shopping Del Rey; da estudante Cibele Marques do Nascimento, 17 anos, que desapareceu no Conjunto Água Branca, em Contagem, no dia 19 de novembro de 1999; da doméstica Cleusilene Miranda, 25 anos. O corpo dela foi encontrado, degolado, em uma galeria de esgoto nas proximidades da mata da UFMG. A polícia indiciou o traficante Leandro Ferreira de Carvalho, o “Leco”, 23 anos, que nunca foi preso. Houve ainda os casos da secretária Jaqueline Aline Salgado, 18 anos, em 22 de maio de 2000, da vendedora Cíntia Rosa de Castro Silva, 23 anos, cujo corpo com marcas de estrangulamento foi encontrado em julho, e da secretária Josélia Mari a Lopes, 32 anos, que sumiu no Centro de BH em agosto de 2000. O corpo de Josélia foi encontrado em uma mata na Via Expressa. A lista continua com a promotora de vendas Luciana Neiva Carvalho Dilly, 20 anos, em fevereiro de 2000, cujo corpo apareceu em Engenho Nogueira, em Sabará, a estudante Mary Ferreira da Silva, 17 anos, na Via Expressa em 12 de fevereiro de 2000, a estudante Simone Alves Ferreira, 17 anos, que sumiu no Conjunto Água Branca e, 7 de janeiro de 2000, e da bancária Daniela Cardoso da Silva, bancária, 25 anos, sumida em 31 de julho de 2001.
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