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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 2 de novembro de 2024
 

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Mensagem: AS ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS JOSÉ PRATES Quando abrimos o Montesclarosnotícias, virtual que nos traz as novidades da cidade, muita coisa nos alegra enquanto outras nos entristecem como, agora, lendo sobre o deplorável estado de conservação das estações da velha estrada de ferro. Não são utilizadas segundo a sua destinação específica, mas, é um patrimônio público que deve ser preservado, se não por outra utilidade que possa ter agora, mas, pelo menos, como história. Quem não se lembra da importância da estação ferroviária na vida da cidade? Concordo que a maioria, hoje, não viveu esse tempo, não conheceu a estrada de ferro como principal meio de transporte terrestre, mas, não é por isso que se deve abandonar um patrimônio que faz parte da história, deixando que o tempo o destrua. É um marco do progresso que chegou ao lugar naquela época; são o resultado do esforço e dedicação de milhares de pessoas engajadas no trabalho de construção da estrada, desbravando um sertão inóspito, muitos sucumbidos pela malária, pagando com a vida o preço da condução do progresso. A ronceira estrada de Ferro encerrou suas atividades, acabou cedendo lugar às carretas, ao ônibus, aos automóveis. Só por isso vamos abandonar os edifícios que foram as suas estações, bonitas e importantes no passado? Porque é “coisa velha” vamos abandoná-las à ação do tempo para serem destruídas? Queiram ou não, essa construção caindo aos pedaços que o mato teima em encobrir, conta uma história. História bonita de um povo alegre, sorriso nos lábios ao abraçar alguém que vinha de longe ou as lágrimas de tristeza no abraço daquele que partia. Para quem esteve ali trabalhando, como eu no início da vida profissional, jovem de 22 anos, cheio de entusiasmo, é triste ver a foto da estação de Pai Pedro caindo aos pedaços, coberta pelo mato. E como ela, todas as outras. Ainda temos na lembrança a alegria na chegada do trem que se anunciava com apito longo ao se aproximar da estação. Vinha devagar repicando o sino da locomotiva arquejante, soltando fumaça pela chaminé. Na plataforma, vendedores de beiju, requeijão e queijo, em gritos anunciando seu produto, misturando-se à gente que esperava gente. Quinze minutos e o trem apitava em despedida, dizendo que a festa acabou. Isto se repetia dia a dia. Na estação de Montes Claros, grande, majestosa, com seus funcionários em uniforme azul marinho, era grande o movimento. Todos os dias, à chegada do trem, a plataforma transformava-se numa passarela da moda com moças bonitas em desfile exibindo suas roupas domingueiras, enquanto agenciadores de pensões anunciavam aos gritos a comodidade e o preço da hospedagem. Carregadores, com carrinho de mão, apressavam-se a conduzir a bagagem dos passageiros que chegavam. Tudo era uma festa. Festa diária que alegrava uns e entristeciam outros. Vamos dizer porem, que tudo não era festa na chegada do trem. A tristeza nos invadia a alma quando chegava o trem vindo do nordeste. A segunda classe despejava centenas de pessoas, homens, mulheres novas, velhas e crianças que ficavam á espera do dia seguinte para prosseguirem viagem. Sem recurso para hospedagem em lugar condigno, alguns se amontoavam na “casa da emigração”, ali mesmo na Praça da Estação, outros, em maior quantidade, dormiam na plataforma, um ao lado do outro, numa grande promiscuidade. O sonho de uma vida digna no sul do país, amenizava o sacrifício da viagem, ficando, porém, a saudade dos que ficaram esperando um dia, também, (José Prates, 81 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores).

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