Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.
Clique aqui para exibir os comentários
Os dados aqui preenchidos serão exibidos. Todos os campos são obrigatórios
Mensagem: Paulo Narciso: Vi, um outro dia, artigo de Alberto Senna Batista falando de O Jornal de Montes Claros. Agra você me telefona chamando atenção para o texto de Luiz Ribeiro, no Montes Claros.com. Lembrou-me o que nunca poderia ser esquecido: hoje, 10 de março, completam-se vinte anos de ausência do “Mais Lido”. Coloquei em um livro de recordações o que foi a experiência de fazer jornal de combate em um meio social que precisava urgentemente ser mudado. Era fazer jornal, só, sem ter quem ajudasse. Havia na redação apenas uma pessoa que sabia escrever, o José Prates que saiu assim que mudou a orientação da folha. Ninguém mais. Ele e eu fizemos tudo nos primeiros dias. Depois apareceu o Waldir Senna Batista. Não foi testado nem escolhido, porque isso não podia acontecer. Começou a trabalhar imediatamente e deu certo. Tinha um pouco de pratica, adquirida no jornalinho “O Operário”, que o professor Athos Braga fazia, vez por outra. Aprendeu o necessário e começou bem. Tanto que promovido a secretário do jornal. Qual a função do secretário? Repassar para outros jovens, que aos poucos ia chegando, as noções básicas do texto jornalístico objetivo, como lhe fora ensinado. Lembro-me ter-lhes dito: “Se Ciro dos Anjos chegasse aqui e escrevesse bem como escreve, sua matéria ainda assim teria de ser revisada, porque ele não é jornalista, faz literatura. Jornalista não faz literatura. Mostra em poucas palavras o que aconteceu, onde aconteceu, como, porque e quem se envolveu. Relata o que se verificou e é desconhecido dos que não viram, mas estão interessados em saber” Foram dezenas os rapazes, como você, Luiz Ribeiro, Robson Costa, Lucio Benquerer, Carlos Lindemberg, Wanderlino Arruda e Décio Gonçalves que começaram a trabalhar para ninguém, em benéfico da comunidade, em troca de quase nada. Alguns, os pais pediam que ficassem lá para aprender a escrever. O que em muitos casos não era fácil. E, assim, O Jornal de Montes Claros se tornou uma escola. Você, o Paulo Narciso que saiu da nossa redação para “O Estado de Minas” e ganhou vários prêmios Esso de reportagem, deve também relembrar aqueles tempos e escrever sobre isso. Que escrevam outrossim os outros, para que as novas gerações saibam que, além dos valores da técnica que hoje predominam, existem os valores humanísticos e culturais sem os quais não há imprensa honesta. No livro “A tempo” há muito a ser lido sobre o que foi a caminhada de todos nós, os perigos e percalços atravessados para chegar a 38 anos de existência. Se não foi uma existência gloriosa, foi profícua e muita gente e famílias de Montes Claros estão ligadas a ela. Hoje, quando se lêem (ou não se lêem) os jornais editados na cidade, sente-se falta daquele outro a que Luiz Ribeiro se referiu: um órgão de imprensa que não tinha o propósito de ganhar dinheiro, mas de servir. Lembram-se os rapazes honestos que ali se tornaram homens de bem e de responsabilidade. Dá tristeza ver que o ideal de imprensa sadia às vezes não é seguido. Mas alegra verificar que o JMC deixou alunos que honram a profissão jornalística. A eles todos nós prestamos homenagens nesse dia, que deve ser de comemoração. Como dizia o meu professor, jornalista José Mendonça, o destino da imprensa está vinculado ao sempre incerto destino da liberdade humana. O jornalismo que o JMC ensinou foi mais do que a redação de noticias, na medida em que produziu e ainda produz conseqüências sociais. O Jornal de Montes Claros teve a visão de um futuro melhor e a propagou, tanto que dela se lembra e fala até hoje. Oswaldo Antunes
Trocar letrasDigite as letras que aparecem na imagem acima