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Mensagem: ALPHEU GONÇALVES DE QUADROS Era meu primo em segundo grau, porque sua mãe era irmã de minha avó materna. Tornou-se um dos maiores amigos de meu pai e fui, por longos anos, o herdeiro dessa grande amizade. Nosso santo combinava. Era um homem bonito, alto, elegante, de voz branda e extremamente culto. Humilde, não alardeava seus conhecimentos literários e suas virtudes profissionais. Grande médico, devo a ele a vida de minha mãe. A ele e a Dr. Fábio Ribeiro. Batíamos longos papos, em minha casa ou na dele, ou quando viajávamos em sua caminhonete com destino a alguma fazenda. Aparentemente sério, adorava dar boas e genuínas gargalhadas. Sempre de terno e meias cinzas, sapato marrom, camisa impecável e gravata borboleta vermelha, ou com seu blusão cáqui ou guarda-pó banco, camisa, calça e botinas de fazendeiro nas viagens pelas estradas empoeiradas, nas quais, muitas vezes, eu me tornava seu cuidadoso motorista. Menino, participei de suas campanhas políticas. Por três vezes foi Prefeito de minha aldeia e eu sentia o maior orgulho de ter aquele primo tão querido no comando da coisa pública. Tinha inigualável senso de justiça e não perseguia ninguém. Respeitava os adversários políticos de um modo reverente e agia com muita ética e serenidade nas questões que os envolvia. Nunca o vi abrir a boca para falar mal de alguém. Nas horas felizes sempre estava em minha casa. Nas tristes era o primeiro a chegar, perguntando se eu estava precisando de alguma coisa. O último almoço, um arroz com pequi e carne de sol, em minha casa da Irmã Beata, depois de minha separação, contou com sua honrosa presença. Fiquei uns tempos meio descontrolado e ele, semanalmente, me visitava para saber como estava minha vida. Quando adoeceu, com mais de 90 anos, eu estava judicando em Pirapora e sempre o visitava no casarão da Dr. Santos, ao lado do prédio onde funcionava “O Jornal de Montes Claros”. Ficava à beira de seu leito a bater os bons papos, relembrando coisas do passado e contando a ele as novidades. Sentia em seu semblante a alegria e um certo orgulho por me ver homem renovado e juiz de direito, depois do sofrimento. Ele gostava muito de mim e me desejava tudo de bom que o mundo poderia me ofertar. Eu também era assim em relação a ele. Tio Joãozinho e “Dindinha” Honorina tiveram um grande filho. “Dindinha” Helena Prates teve um grande marido. Suzana e Sônia tiveram um grande pai e eu tive um grande primamigo, por quem, até hoje, choro de saudade. Que homem maravilhoso foi esse Alpheu Gonçalves de Quadros!
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