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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 2 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Aproveito este espaço para fazer um registro –não é artigo, mas um registro mesmo. Hoje, 10 de março de 2010, é uma data importante para a imprensa de Montes Claros. Há exatamente 20 anos, circulava a última ediçao de “O Jornal de Montes Claros”, que teve uma atuação marcante na história da imprensa regional. O JMC participou ativamente do crescimento de Montes Claros. Quem passou por lá, teve a sorte de conhecer, na prática, o sentido dessa atividade. Visto como um sacerdócio, um casamento. E no casamento, se uma das partes tiver uma outra paixão fora dele, não dar certo. Assim também é no jornalismo. Se o jornalista tiver uma outra paixão mais forte – como a política ou interesse financeiro, por exemplo – o melhor é deixar a profissão. E é isso que foi ensinado em “O Jornal de Montes Claros”, uma verdadeira escola de jornalismo. Lá, também era ensinado que o jornalismo é algo em prol da comunidade como um todo, não em defesa de interesses particulares e de grupos. Tive a sorte de dar os primeiros passos no JMC da mesma forma como muitos outros (mais gabaritados do que eu) que passaram por lá. No dia 10 de março de 1990, também participei da última edição do jornal, que trouxe célebre editorial “Calar antes do fim”, explicando que a sua direção preferria fechá-lo a ter que perder a sua independência e submter ao capricho dos políticos e dos poderosos. Ter que deixar a sua missão como porta-voz da sociedade, que exercia com tanto zelo. Lembrando um pouco que foi relatado em um texto de Alberto Senna (outra cria da “escola de jornalismo”), recordo como foi a minha entrada naquele importante veículo: Eu era um “faz tudo” de uma pequena mercearia. Terminara o segundo grau (atual ensino médio). Sonhava com o jornalismo. Mas, aqui não existia o curso e eu não tinha condições de viajar para outra cidade. Acabei “fazendo por fazer” o vestibular para Administração, embora no colégio que estudava e um grande amigo meu, o então estudante de medicina Alexandre (que foi levado para outra vida inesperadamente) me incentivavam para tentar medicina – curso que também me despertava o meu interesse, mas que também era dificil para mim, tendo em vista que a faculdade daqui ainda cobrava mensalidade – e relativamente cara -. Li no JMC que o jornal fazendo teste para “repórter esportivo”. Tirei uma “licença” do trabalho e fui lá, sem muita esperança. Me deram algumas frases separadas de uma situação hipotética e mandaram transformar numa matéria, com início, meio e fim. Como era leitor voraz de jornal, fiz o texto rapidamente e achei até fácil demais o tal teste. Voltei no dia seguinte e fiquei o dia inteiro lendo jornal. No terceiro dia, fiz uma matéria. No quarto dia depois do teste, saiu um texto que fiz publicado no jornal com o título com uma fonte grande e o escuro forte da impressora – que ainda não era off-set -. Li a matéria várias vezes, questionando para eu mesmo mais ou menos assim: “nossa, isso fui eu mesmo que escrevi?” Na época, estava com 18 para 19 anos. Poucos dias depois do meu primeiro teste, numa Quarta-Feira de Cinzas, ainda pensando que jornal era igual outra repartição, não compareci para trabalhar na parte da manhã. Cheguei à parte da tarde e, pela primeira vez, entrei na sala do “aquário”, onde ficava o editor-chefe, muito exigente por sinal. Ele me perguntou o que eu estava lá. Quando expliquei que estava em fase de testes. Ele pediu que eu fizesse algum texto sobre esporte. Percebi que seria um teste definitivo. Se o texto agradasse, a falha – de não ter comparecido para trabalhar no horário certo – seria esquecida. Do contrário, a minha experiência na redação terminaria ali. Resolvi contar a história de um time local, do Cassimiro, relatando que na preparação para um campeonato, os jogadores trocaram a folia pelos treinos durante o carnaval. O editor-chefe apenas leu o que escrevi e pôs numa gaveta. Dois meses, fui convocado para a imponente e respeitada pela primeira página do jornal. Vieram outras etapas da nova carreira e a “licença” do meu antigo trabalho continua valendo até hoje.

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