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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 14 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Conversar, ler e conviver Não é segredo, porque está incorporado à sabedoria popular, que só teremos uma vida completa quando “plantamos uma árvore, escrevemos um livro e temos um filho”. Alguns não plantaram uma árvore, mas derrubaram muitas. Ter um filho é o caminho natural da procriação, vinculado à essência da sensualidade do ser humano. Plantar árvore e ter filho não é uma exclusividade do homem. Os passarinhos plantam arvores e têm filhos. Eles disseminam as sementes. Todos os seres vivos têm filhos. As árvores produzem as sementes, que serão futuros vegetais de sua descendência. Mas, escrever um livro é próprio do ser humano; um sonho por muitos acalentado. Zélia Gattai começou a escrever aos 63 anos e é imortal. Outros iniciam cedo. Quem já escreveu sabe que o importante é começar, experimentar pela primeira vez. Escrever o que sente e só depois burilar o texto escrito. É o que faz, por exemplo, Amelina Chaves. Esta última fase é que caracteriza o escritor, que dá forma e define o estilo. O importante é principiar. Escrever o que sente e cortar depois o desnecessário. Aqui a lição do filósofo francês Voltaire: “escrever é a arte de cortar palavras”. Quem escreve para ser lido é diferente das demais pessoas. Não é um ser comum. Pode não possuir tesouros materiais, nada impede que os tenha, mas desfruta de uma deslumbrante existência. Ele vê os lírios do campo e a alma do ser humano; observa as luzes do dia e a escuridão da noite; sente o silêncio de um sorriso e a profundidade de um olhar; examina seus pensamentos e seus sentimentos. Ele vê, observa, sente e examina todas as coisas realmente fundamentais. Ele pensa e cria. Adverte Ana Amélia Erthal, jornalista e mestre pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, que “em grande parte, aprender a escrever é aprender a pensar, aprender a encontrar ideias e concatená-las, pois “assim como não é possível dar o que não se tem, não se pode transmitir o que a mente não criou ou aprovisionou”, diz Othon Garcia. Escreve realmente mal aquele que não tem o que dizer porque não aprendeu a pôr em ordem seu pensamento, e como não tem o que dizer, nada lhe servem as regras gramaticais, nem mesmo o melhor vocabulário de que possa dispor. Por mais que se conheça a Língua Portuguesa, sem a criação das ideias, a ortografia, a gramática e a sintaxe são apenas estruturas de palavras, que podem dizer nada. Mas onde e como encontrar as ideias? Como inventá-las, criá-las ou produzi-las? A fonte principal de nossas ideias é a nossa experiência. Tudo aquilo que conhecemos e guardamos forma nossa base de entendimento e serve para nutrir nossa criatividade. Se você acha que a sua experiência não é suficiente, valha-se da experiência alheia através de conversa, de leitura e de convívio”. Mas, muitas vezes, a conversa nos irrita, especialmente quando palestramos com convencidos autodidatas. Nesta hora somos levados a nos lembrar de Mario Quintana quando ele afirma que “autodidata é um ignorante por conta própria”. Todavia, a conversa com pessoas realmente cultas é sempre edificante. Enriquece a mente e satisfaz o espírito. De uma simples frase se retira um ensinamento. O projeto “Livro na Praça”, da Secretaria Municipal de Cultura, abre a todos interessados uma grande oportunidade de conversar com escritores, como uma forma de incentivar o gosto pela leitura. A leitura é a melhor maneira de se adquirir a desejada experiência para o mister de escrever. As pessoas que lêem, escrevem e falam como os escritores de suas preferências. Ocorre sempre uma interação. Poucos conseguem criar, como Guimarães Rosa, a sua própria estrutura linguística. Ler é muito importante. Todavia, pesquisas têm mostrado que a carência de leitura se inscreve, hoje, como uma das principais deficiências do brasileiro. Quem lê deve buscar identificar objetivamente o sentido das palavras e interpretar bem cada capítulo lido. É costume afirmar que não se diz nada que já não tenha sido dito, todavia, todos os dias, todas as horas, são criados novos valores e novos ensinamentos. Por derradeiro, retornando a Ana Amélia Erthal, o convívio com pessoas intelectualizadas é muito útil. É costume popular afirmar-se: “Diga com quem andas e direi quem és”. A convivência, todavia, requer o respeito às diferenças individuais. Em todo bom relacionamento é importante saber a hora de falar, de calar, de ouvir, isto porque conviver é respeitar as diferenças, as convicções alheias, especialmente aquelas vinculadas às crenças de natureza espiritual. Aqui um ponto nevrálgico. Para um bom convívio é sempre salutar evitar discutir crenças religiosas e políticas.

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